Frequentadores da paróquia São Miguel Arcanjo, na cidade de Itacaré, já podem voltar a visitar o patrimônio. É que a primeira etapa das obras de restauro foi concluída e agora eles contam com um local para suas orações ainda mais valioso, a partir da descoberta de uma pintura artística de aproximadamente 200 anos nas paredes do templo religioso. Trata-se de uma das edificações de maior referência histórica da região, datada de 1723.
A arte secular estava de baixo do forro de madeira do telhado da igreja, coberta por inúmeras camadas de tinta. Por ser um bem tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), uma equipe da Diretoria de Projetos, Restauro e Obras (Dipro) do instituto foi acionada e realizou uma avaliação da pintura encontrada. Desde então, os restauradores locais receberam um reforço dos profissionais do IPAC nas obras de decapagem (remoção de tintas) e na reintegração cromática das camadas pictóricas (recomposição das partes faltantes da pintura) no intuito de revelar a antiga arte e recuperar sua beleza e caraterísticas originais.
Segundo o subgerente de conservação e restauro do IPAC, Takeo Shishido, a descoberta da pintura propiciou um engajamento ainda maior dos frequentadores e apoiadores da paróquia, ao despertá-los para as riquezas artísticas presentes no templo. “A preocupação em preservar tudo que for encontrado na igreja tornou-se um compromisso dos seus membros, que criaram o acervo histórico da igreja após o acontecido”, disse Shishido.
Para Graça Barbosa, moradora de Itacaré e coordenadora local do projeto “A Fé que Restaura”, a pintura encontrada representa um valor sentimental para as pessoas daquela cidade. “Resgatar a memória de algo tão antigo, que por um incidente acabou sendo revelado, graças ao trabalho em conjunto com o IPAC, é um presente muito precioso, maior que qualquer valor monetário, além de ser um ganho muito importante para garantir a conservação da nossa história”, declarou.
Ainda de acordo com Graça, durante o andamento das obras da segunda etapa, que já foi iniciada, uma outra pintura foi descoberta no templo. A arte foi encontrada na parte inferior das paredes da nave (salão principal) e também será estudada pela equipe de restauradores e arquitetos do IPAC.