Por mais que se respeite o espírito cordato de Iemanjá, em seu dia festivo de hoje, não dá para separar na morte de dona Marisa a emoção da dor e um forte sentimento de raiva. Muita raiva. E uma tremenda sensação de injustiça.
Penso, por exemplo, naquelas duas patetas que foram fazer plantão de ódio diante do Sírio Libanês, quando a companheira de Lula foi internada.
Batiam naquela velha tecla, com seus cartazes ridículos: vai para o SUS, não para o Sírio.
Mas exprimiam o sentimento tosco daquele Brasil imenso que ainda não chegou à Lei Áurea: aos pobres, os maus tratos. Aos ricos, as benesses do privilégio.
A mulher que se casou com o metalúrgico atrevido teve, ao lado dele, a coragem ingênua de acreditar que um dia o padrão Sírio Libanês poderia ser para todos (e não excludente, como querem os videotas monitorados pela Globo).
Dá fúria a ignorância daqueles que torceram contra a dona Marisa – e que neste momento celebram nas redes sociais.
Ela foi humilhada e vilipendiada por aquele juiz de Curitiba que só vê crime de um lado – mesmo quando não há – e que se confraterniza com os criminosos amigos, em festins risonhos e engravatados de farta champanhota.
Mas deixemos para lá o justiceiro da camisa negra. Ele ainda tem trabalho pela frente. Destruiu dona Marisa mas ainda falta o Lula, não é mesmo, William Bonner?