O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo criticou o governo Bolsonaro, do qual integrou até março deste ano, pela aliança com o chamado “Centrão”.
“Surgiu aquela coisa: ‘Precisamos fazer do Centrão a base do governo’. O que a gente viu é que o governo virou a base do Centrão”, disse, durante congresso conservador em Santa Catarina.
O diplomata também fez uma metáfora sobre pílulas azuis e vermelhas, conceito popularizado pelo filme Matrix, onde a primeira cor é a escolha pela ignorância, enquanto a segunda diz respeito à realidade.
“O pior é que colocaram uma pílula azul no café do presidente da República. Azularam completamente o governo e a atuação do presidente […] Um governo, que foi eleito por uma grande tomada de pílula vermelha, resolveu tomar a pílula azul. Às vezes eu acho que em alguma reunião ministerial que eu não estava distribuíram a pílula azul e todo mundo tomou.”
Filiação de Bolsonaro
A transformação em “base do Centrão”, como o ex-ministro Ernesto Araújo definiu, pode ser evidenciada com a negociação para filiação do presidente Jair Bolsonaro a um partido do grupo fisiologista.
O mandatário está em conversas avançadas com o PL, presidido nacionalmente por Valdemar Costa Neto, condenado no “Mensalão”, esquema de corrupção protagonizado pelo PT. Porém, um conflito público entre o presidente o líder da sigla pode suspender o acordo.
De acordo com o site O Antagonista, o impasse foi motivado pelo diretório do partido em São Paulo. Enquanto Valdemar que manter o apoio ao vice-governador do Estado, Rodrigo Garcia (PSDB), Bolsonaro quer entregar a direção ao filho Eduardo (PSL-SP).
“Você pode ser presidente da República, mas quem manda no PL sou eu”, teria escrito Valdemar. Bolsonaro, então, teria mandado o cacique do PL “para aquele lugar”, recebendo ataque semelhante.