Com punhos cerrados e vozes coesas, jovens de Lauro de Freitas se ergueram para homenagear Maria Felipa, Zeferina e Dandara. As mulheres de cor, símbolo histórico da resistência negra e pela igualdade de condições entre os gêneros foram destaque na roda de conversa sobre genocídio e feminicídio. A programação, que integra o Novembro Negro, foi realizada na Escola Municipal Miguel Arraes, na Itinga em Lauro de Freitas, para uma plateia formada por pais de alunos e moradores locais que interagiam ao passo que fatos identificavam a rotina dura em que estão inseridos.
Na mesa, homens e mulheres que vivenciam diariamente situações discriminatórias e que transformaram a “subcondição” social em som de protesto. “Nós estamos na ponta da lança da sociedade e as mulheres negras carregam nas costas o peso de sustentar suas famílias, elas são grandes servidoras”, disse Suedy Quinté do coletivo Mais Mulheres. A feminista indagou à comunidade sobre a quebra de paradigmas e tabus ligados a sexualidade feminina. “Você já perguntou a sua mãe hoje se ela tem vida sexual ativa? Por que esquecem que nós precisamos de sexo!”, afirmou.
Os números da violência foram expostos. “A morte sistemática de jovens negros no Brasil é uma realidade que estampa capas de noticiários dentro e fora do país. O movimento negro, além de enterrar os corpos daqueles que não desaparecem misteriosamente, vem diariamente denunciando o assombroso aumento do número de homicídios da nossa juventude. Alguns grupos definem este cenário de morte como sendo de extermínio da juventude negra, outros defendem a existência de genocídio”, argumentou o ativista Amilton Borges, do movimento Reaja ou Será Morto.
A psicóloga Carla Galo, da Secretária de Políticas para Mulheres (SPM), explicou a quanto à diferença entre feminismo e machismo. Usando técnicas de interação com o público, Galo foi surpreendida por Fabiana Melo de apenas 14 anos. A menina explicou o que entende sobre os assuntos. “Machismo é quando um homem acha que pode mandar numa mulher só por ela ser mulher e feminismo é lutar contra isso”, disse.
Na programação de atividades do Novembro Negro, terão também as apresentações do Afro Bankoma, que levará seus tambores e atabaques no próximo domino (17), às 15h, para a Concha Acústica Roger Batera. No mesmo local o sorriso fácil e voz serena de Juliana Ribeiro apresenta o espetáculo Toca Mulheres Negras, na terça-feira (28), às 19h. Feiras de saúde e palestras acontecem nos terreiros da cidade. A ideia é abordar e prevenir doenças recorrentes em pessoas negras, como a anemia falciforme e catarata.