Às vezes, somos surpreendidos pela percepção de que o tempo passou mais rápido do que imaginávamos. Quando jovens, celebramos as primeiras marcas da masculinidade, como os primeiros fios de barba, que simbolizam a transição para a vida adulta. Eu odiava quando os outros moleques me dominavam para “quebrar a pedra do peito” – um ritual de passagem entre os meninos de sua época, mas eu descontava em outros.
Ao atingir os 30 anos, é comum olhar para trás e perceber que o tempo, de fato, voa. Memórias que parecem recentes, na verdade, são de décadas passadas. Recentemente, encontrei ex-alunas minhas do Colégio Luís Viana, em Brotas, ambas agora casadas, com filhos, e bem-sucedidas em suas respectivas carreiras. Esse reencontro trouxe-me uma sensação de realização como educador, mas também me fez refletir sobre o inevitável tempo.
Outro dia, fui lembrado dessa passagem do tempo por uma senhora simpática da Associação de Moradores da Barra, que me surpreendeu ao dizer que nos conhecíamos há 30 anos. Confesso que tomei um susto, pois envelhecer é inevitável, mas ninguém realmente deseja enfrentar essa realidade. Se houvesse uma fonte da juventude por aqui, certamente, ela já teria secado há muito tempo.
Hoje, uma jovem senhora, funcionária pública, também me abordou, dizendo que nos conhecemos há 20 anos. Embora essas palavras possam nos trazer a certeza de que estamos vivos e bem, elas também revelam que estamos entrando em uma nova fase da vida, a terceira idade. Esta geração, que viveu a liberdade dos anos de ouro, a chamada “geração Coca-Cola”, agora enfrenta o desafio de envelhecer sem vergonha, mas com dignidade.
Os desafios do envelhecimento são ainda mais complexos para a população LGBT+. Essas pessoas, que outrora viveram a liberdade de expressar sua sexualidade, agora necessitam do suporte do Estado em aspectos específicos relacionados à saúde e bem-estar. Infelizmente, o Estado ainda não está preparado para acolher plenamente essas demandas. As instituições precisam se capacitar para oferecer cuidados adequados à população LGBT+ idosa.
Há diferenças consideráveis entre a experiência de envelhecer sendo heterossexual e homossexual, especialmente no que diz respeito à companhia e redes de apoio social. Portanto, é urgente a construção de uma rede de apoio social para essa população que está envelhecendo.
A omissão e frieza Conselho Municipal do Idoso e a indiferença da presidente que não vê uma questão de gênero no nome, não é de se esperar velhices e abra uma cadeira para que as OSC/LGBT participem do certame, não discutir essas questões é preocupante. É necessário revisar e propor novas legislações que contemplem as especificidades da mulher idosa LGBTrans+, pois as políticas atuais frequentemente ignoram as questões de gênero e diversidade.
Envelhecer sem vergonha com dignidade é um direito de todos, e o reconhecimento dessas diferenças e necessidades é essencial para construir um ambiente social mel.