Não era difícil de se imaginar que o presente momento chegaria. Tantas medidas despejadas goela abaixo da população, precisariam em algum momento de uma narrativa que desse sustentação ao absurdo seguinte, a saber: a reforma da previdência.
Me lembro bem em 2014, quando a então presidenta Dilma estava no primeiro trimestre do ultimo ano de seu primeiro mandato, e a rede Globo noticiou em cadeia nacional o inicio dos “sinais de uma possível recessão técnica”, o termo pouco usado no vocabulário dos economistas Brasileiros, dizendo que o crescimento de 0,1 % do produto interno Bruto já era um estado de recessão . Hoje após uma crise brutal, ocasionadas por um ambiente de instabilidade politica, pautas bombas, impeachment e queda no preço das commodities, o “Governo” que ai está, anuncia que o Brasil se recupera da recessão devido a um suposto crescimento de (pasmem) os mesmos 0,1%. Há de se convir que o número além de ridicularmente baixo, só não foi pior que dois países a saber México e Dinamarca (este último tem um dos melhores IDH’s do mundo e opta por ter um baixo crescimento econômico em um modelo de politica monetária e fiscal que podemos discutir em outro post). È visível a tentativa de resignificar de dar um novo sentido a um número de acordo com a conveniência politica.
Nosso principal motor econômico, a agropecuária, teve um recuo de 0,6% no referido período. A indústria de transformação motivada por um breve frenesi exportação de minério de ferro cresceu menos de 1%. Em geral a nossa economia continua dando sinais que o corte vertiginoso de investimentos do “Governo Federal” é uma politica liberal fracassada. De Março de 2016 (quando o atual Governo tomou posse do poder) até Dezembro o número de desempregados saltou de 8,2% para 12,6% atingindo os dois dígitos. Não obstante o desalento do desemprego, houve um crescimento da informalidade, em níveis assustadores dignos da era FHC.
Com tudo isso o Governo nos empurrou uma reforma trabalhista cruel, que retira direitos historicamente conquistados pela classe trabalhadora. E me desculpe os desavisados: pergunte a qualquer caixa de supermercado o quanto isso tem significado em redução dos seus salários. Em todo pais empresários “testam” suprimindo horas extras e deslocando a vontade o sagrado descanso semanal dos trabalhadores. Sabe-se que o “excedente” obtido com a redução da folha, não é suficiente para abrir novos postos de trabalho, pelo contrário a curva de demanda por mão de obra se desloca para a esquerda, pois com mais flexibilidade de horários e podendo “brincar” como magos do tempo com a vida e o tempo das pessoas, são necessários menos trabalhadores. Queria ver os liberais a la “livres” (movimento liberal do PSL) ou do MBL trabalhando de carteira assinada.
Com tudo isso tempos sombrios se aproximam e a resposta tem que se dada nas urnas e nas ruas O modelo de desenvolvimento e inclusão social interrompido pelo impeachment precisa ser retomado. E mesmo aqueles que não gostam de Lula ou do PT entendem que o que tínhamos antes era melhor do que agora. Temos que deter essa reforma da previdência antes que o nosso povo já tão sofrido seja condenado a morte de labor interminável. Não se trata de defender partidos , mas de escolher uma trincheira para lutar. E com toda franqueza… Esses que estão ai, que se vendem por duas emendas, estão lutando por quem? Por você certamente não é.
Por Marcelo José