12 de abril de 2025
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Saúde

Em seis meses de busca por uma solução para o coronavírus, 23 vacinas já são testadas em humanos

Em 12 de janeiro, quando se supunha que só havia 41 pessoas infectadas por um misterioso coronavírus na cidade chinesa de Wuhan, vários grupos de cientistas iniciaram uma corrida contra o relógio para desenvolver a vacina contra uma doença que nem nome tinha àquela altura.

Seis meses depois, já existem 163 vacinas experimentais contra a covid-19, e 23 delas estão sendo testadas em humanos, segundo o registro da Organização Mundial da Saúde. Nunca se viu nada igual.

A última boa noticia é a confirmação, nesta terça-feira, de que a vacina experimental dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA e da empresa farmacêutica Moderna passou com sucesso por seu primeiro teste em 45 pessoas.

Os participantes vacinados com duas doses geraram níveis altos de anticorpos neutralizantes ― as defesas específicas do organismo humano que bloqueiam o vírus ― e não mostraram efeitos adversos graves, apenas sintomas leves, como cansaço, dor de cabeça e calafrios.

Os resultados são “incríveis”, segundo o farmacêutico espanhol Juan Andrés, diretor técnico da Moderna, uma empresa biotecnológica com sede em Cambridge (EUA).

“A segurança e magnífica eficácia continuam dando grandes esperanças para uma vacina em breve”, opina Andrés, cuja companhia dispara na Bolsa a cada anúncio.

A Moderna detalhou em entrevista coletiva nesta quarta os seus planos para iniciar, em 27 de julho, um ensaio final com 30.000 voluntários saudáveis.

A empresa norte-americana, para ganhar tempo, trabalha assumindo que a vacina funcionará e será segura, algo ainda longe de ser garantido. Em 9 de julho, os Laboratórios Farmacêuticos Rovi, de Madri, anunciaram um acordo com a Moderna para colaborar nas últimas etapas da produção de “centenas de milhões de doses” para abastecer outros países além dos EUA.

O objetivo da empresa de Cambridge é fabricar entre 500 milhões e um bilhão de doses por ano em suas instalações norte-americanas a partir de 2021. Se for preciso vacinar a toda a humanidade duas vezes, seria necessário mais de uma década nesse ritmo.

Tudo indica que em 2021 haverá várias vacinas diferentes, desenvolvidas em regime de urgência e com uma eficácia melhorável.

A imunização da Moderna é como uma receita escrita em uma linguagem genética, o RNA, com as instruções para que as próprias células humanas saibam fabricar as proteínas da espícula do coronavírus ― responsáveis por sua forma de maça medieval ―, de modo a treinar o organismo sem risco ao sistema imunológico.

Outras quatro instituições já começaram a testar em humanos suas vacinas experimentais de RNA, similares à norte-americana: o Imperial College de Londres, a empresa alemã CureVac, a biotecnológica chinesa Walvax e um consórcio formado pela alemã BioNTech, a norte-americana Pfizere a chinesa Fosun Pharma.

A vacina experimental mais avançada, desenvolvida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório britânico AstraZeneca, utiliza outra estratégia: é um adenovírus do resfriado comum dos chimpanzés, modificado para transportar as instruções genéticas para a fabricação da proteína da espícula do coronavírus.

A AstraZeneca chegou a um acordo com a UE para administrar 400 milhões de doses a partir do final deste ano, mesmo reconhecendo que talvez a vacina não funcione. A empresa farmacêutica e a Universidade de Oxford já iniciaram um ensaio com mais de 15.000 voluntários no Reino Unido, Brasil e África do Sul para averiguar se a vacina é realmente segura e eficaz.

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