Três doses da CoronaVac, vacina contra Covid-19 produzida pelo Butantan e pela farmacêutica chinesa Sinovac, consegue ativar a resposta imune celular contra a variante Ômicron, segundo apontou um estudo chileno ainda não publicado.
A informação foi divulgada nesta quarta-feira, 5, pelo Instituto Butantan. O estudo envolveu pesquisadores da Universidade do Chile, do Instituto La Jolla, da Califórnia, e da Sinovac.
Em entrevista ao site do jornal El Mercurio, o pesquisador Alexis Kalergis, diretor do Instituto Milênio de Imunologia e Imunoterapia e professor na Pontifícia Universidade Católica do Chile, afirmou que os linfócitos T no sangue dos vacinados com a dose de reforço da CoronaVac mostraram uma resposta imune de 71% frente à proteína S da variante ômicron.
Ou seja, indivíduos vacinados com CoronaVac possuem linfócitos T (que fazem parte do sistema imune e ajudam a proteger o corpo contra infecções) que são ativados contra a proteína S (principal arma do vírus SARS-CoV-2 para infectar células humanas) da variante ômicron de forma semelhante ao que acontece com a cepa original do SARS-CoV-2.
“Os primeiros resultados que obtivemos são respostas celulares, que são células chamadas linfócitos T, que reconhecem antígenos de coronavírus. Fomos capazes de medir a capacidade de reconhecimento e de resposta imune em amostras obtidas de pessoas vacinadas com duas doses da CoronaVac, mais a dose de reforço, e detectamos um nível significativo de reconhecimento da proteína S da variante ômicron”, explicou Kalergis em entrevista à Rádio Pauta.
A pesquisa considerou um grupo de 24 pessoas que haviam completado o esquema vacinal com CoronaVac e recebido uma dose de reforço do mesmo imunizante seis meses depois. Amostras de sangue dos vacinados foram avaliadas em laboratório para verificar a capacidade específica dos linfócitos T em identificar os vírus da variante ômicron.
“Os resultados preliminares da equipe responsável pelo estudo de fase 3 da CoronaVac no Chile indicam que esta vacina induz uma resposta imune celular capaz de reconhecer a nova variante da Covid-19, a ômicron”, afirmou a imunologista Denise Tambourgi, liderança científica do Instituto Butantan.