Há quatro anos, a veterinária Katharyne Alves, de 28, saiu de Vila de Abrantes, em Camaçari, a 50 quilômetros de Salvador, e foi morar em Tel Aviv, em Israel. Em todo esse tempo, ela, que namora um israelense e trabalha em um hospital veterinário, nunca passou por um conflito tão sério quanto o que está acontecendo desde o dia 7 de outubro, após o grupo extremista Hamas, que governa a Faixa de Gaza, atacar o país vizinho.
Ainda segundo o Itamaraty, há um grupo de 30 brasileiros e familiares diretos que esperam para sair da Faixa de Gaza, que tem as fronteiras controladas por Israel há décadas. Por pior que seja, é bem simples: há anos, ninguém pode deixar Gaza. A maioria dos moradores do território, habitado por refugiados palestinos, mulheres e crianças, nunca saiu de lá.
Há uma fronteira com o Egito, ao sul do território, nas localidades de Khan Younis e Rafah, mas o governo israelense também decide quem pode passar pela divisa. Até o momento da publicação desta reportagem, esses 30 brasileiros e dezenas de outros estrangeiros continuam presos em Gaza, sem energia, água, comida ou medicamentos, e sem perspectiva de resgate. Após dias de negociações, a Organização das Nações Unidas (ONU) conseguiu a autorização de Israel para entrar na terra palestina com caminhões carregados de mantimentos.