Um dia histórico para as mulheres baianas e brasileiras. Assim pode ser definida a realização do primeiro Parlamento Feminista do Brasil, que aconteceu na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), nesta quinta-feira (05/12).
Com a presença de mulheres brasileiras e de outros países, o encontro teve por objetivo fortalecer a participação feminina na política e aprovar o manifesto Mais Mulheres no Poder, documento construído com as sugestões das mulheres presentes no evento, que defende a paridade de gênero e cotas na política. Posteriormente, o manifesto será enviado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Senado, Câmara Federal, ONU Mulheres e PNUD.
Realizado pela Comissão dos Direitos das Mulheres da Alba, o encontro foi inspirado no Parlamento Feminista que aconteceu na cidade de La Plata, Argentina, em 2018, parte das atividades da 4ª edição do ELLA – Encontro Latino Americano de Feminismos.
Presidenta da Comissão dos Direitos das Mulheres da Alba, Olívia Santana declarou que o Parlamento Feminista foi aprovado por unanimidade pelas deputadas da Casa. “Entendemos que mesmo sendo de partidos diferentes, sabemos da importância em estarmos unidas em torno do empoderamento feminino e defesa dos direitos das mulheres”.
A titular da Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres da Bahia (SPM-BA), Julieta Palmeira, parabenizou a realização do evento e em especial, a Comissão dos Diretos da Mulher da Assembleia. “Quando falamos em parlamento feminista precisamos ressaltar o papel das deputadas, prefeitas e vereadoras. Não posso deixar de registar que em sete dias, quatro mulheres foram mortas por feminicídio. Essa cultura machista afeta, inclusive, a participação feminina nos espaços de poder e decisão, inclusive a política”.
A mesa de abertura do evento contou com uma grande representatividade feminina. Presente, a deputada cubana Anabel Treto declarou que os direitos das mulheres cubanas foram conquistados com muita luta e que o governo cubano incentiva a presença da mulher na política.
A deputada estadual pelo Rio de Janeiro, Mônica Francisco falou sobre a importância em mudar o atual sistema político. “Não dá para fazer política sem as mulheres. É impossível um país que não represente e nem respeite as nossas formas de vida. É impossível que os parlamentos no Brasil e na América Latina continuem com esses projetos que não representam nossa diversidade”, destacou.
Dríade Aguiar, da Mídia Ninja e do ELLA, falou da satisfação em participar do primeiro Parlamento Feminista brasileiro. “Ninguém convida a mulher para a discussão política, por isso entramos sem pedir licença. Ano passado na Argentina, conseguimos reunir mulheres eleitas entre nós para falar de política para nós”.
A advogada trans e deputada estadual da mandata coletiva Juntas, de Pernambuco, Robeyoncé Lima, reafirmou a importância da união das mulheres para combater o sistema machista, homofóbico, racista e lgbtfóbico. “Nós precisamos ocupar os espaços e não podemos permitir mais retrocessos na política. Precisamos exigir dos partidos a nossa presença nas campanhas e nas eleições.”
Para a deputada estadual carioca Leci Brandão, é importante olhar para todas as mulheres reais, são elas que precisam estar inclusas na política. “Precisamos ouvir os coletivos, as pessoas que estão na ponta. Que esse Parlamento Feminista realizado aqui na Bahia seja exemplo para todo o Brasil.”
O evento seguiu com as falas das mulheres durante a tarde, em uma grande Assembleia Feminista, onde as inscritas tiveram vez e voz na realização do Parlamento Feminista.
O evento contou com a presença de Milena Caridad, cônsul de Cuba no Brasil, da deputada federal Alice Portugal, das secretárias estaduais Fabya Reis (Sepromi) e Cibele Carvalho (Serin), prefeitas, deputadas estaduais e federal, vereadoras e mulheres dos mais diversos movimentos sociais.