1 – Onyx Lorenzoni (Casa Civil) ganhou alguma notoriedade na CPI dos Correios, mas sempre foi um deputado de 2ª linha. O homem que deverá ser a principal referência, perante o Congresso, nas muitas e complexas reformas pretendidas pelo novo governo não gosta e não domina da difícil arte da coordenação política. Antes mesmo de assumir, está sendo fritado por Bolsonaro;
2 – Paulo Guedes, czar da economia, é um fio desencapado. Estouvado e brigão, acredita que as reformas virão no grito (ingenuidade assustadora). Na campanha, levou alguns chega-pra-lá do chefe. E, depois de eleito, Bolsonaro declarou que desconfia de seu projeto para a reforma da Previdência. Como seu estopim é curto, Guedes dificilmente saberá lidar com os percalços que se apresentam à sua frente. Não deve durar 6 meses no governo;
3 – Ernesto Araújo (Relações Exteriores) acredita que a mudança climática não passa de propaganda comunista, acha que a globalização é pilotada por marxistas e enxerga em Trump um gênio da raça. Não será levado a sério dentro e fora do Brasil;
4 – Roberto Campos Neto, o guardião da moeda, foi nomeado para o Banco Central exclusivamente por causa do nome e sobrenome, que remetem à fama ultraliberal do avô. Convenhamos: é pouco;
5 – Sergio Moro acredita que o Ministério da Justiça é uma espécie de superjudiciário, superministério público e superpolícia, tudo junto. Não é. A pasta é um dos maiores mastodontes da burocracia federal, cuida de áreas complexas e explosivas, como terras indígenas, presídios e imigrantes (os venezuelanos de Roraima, por exemplo, serão problema dele). E o ministério tem ainda um peso político imenso, sendo um dos principais defenderes do governo perante à opinião pública e agentes políticos. Com frustrações e desgastes em sua rota, Moro terá dois anos difíceis até, se resistir até lá, poder migrar para o STF, sua meta original;
7 – Os dois únicos profissionais gabaritados da turma são os generais Augusto Heleno (GSI) e Fernando Azevedo e Silva (Defesa). Pode-se não gostar de suas ideias e posições, mas são inteligentes, preparados, têm experiência (burocrática e política) e sabem onde querem chegar (e tem um planejamento de como fazê-lo). Ainda por cima serão escorados pelas áreas técnica das FFAA e pelos serviços de inteligência civil (Abin) e militar (CIE, CIM e CIAER). Azevedo e Silva será o fiador do governo junto ao STF, o que lhe garante um poder gigantesco não só no governo, mas no estado.
Em resumo: o pulmão do governo Bolsonaro irá se materializar na figura desses dois generais quatro estrelas. Um quadro que não acontecia no Brasil há 33 anos.
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