Um ano após ter convocado audiência pública com os moradores de Mussurunga para apresentar o Relatório do Impacto de Vizinhança (RIV) da construção do condomínio Colinas Imperial, a construtora MRV ainda não iniciou as obras para a instalação do imóvel no bairro.
A reunião, que contou com a presença de prepostos da Secretaria Municipal de Desenvolvimento (Sedur) e do Ministério Público da Bahia (MP-BA), aconteceu em outubro do ano passado e, segundo os moradores, foi a única realizada até o momento (lembre aqui).
A obra é alvo de muita contestação. Existe a preocupação de que o condomínio cause impacto negativo para o bairro e para as demais localidades da região. De acordo com a MRV, o empreendimento terá mais de 4,5 mil moradias, com 5 mil vagas para carros, e cerca de 20 mil novos residentes. O investimento é avaliado em R$ 700 milhões.
Os moradores dizem que a empresa não apresentou propostas para solucionar problemas que podem surgir com o significativo aumento na população local, que segundo estimativa do último censo do IBGE feito em 2010, conta com mais de 30 mil moradores.
“Mussurunga hoje é um um bairro que não tem infraestrutura. Como é que vai receber um impacto desse?”, questiona o líder comunitário e servidor público, Rodolfo Fontes.
Ele destaca que existe grande preocupação com a oferta de saúde e educação, que, segundo sua avaliação, já não atendem a demanda atual do bairro. Mas o trânsito ganha destaque especial entre as aflições que a obra pode causar.
“Será um impacto populacional enorme para a região, um aumento de 20 mil habitantes. No projeto que foi apresentado eles não deram uma saída para a desobstrução de veículos. Vai travar o trânsito de Mussurunga”, avalia.
A cobrança, já antiga (lembre aqui), é que seja feito um novo sistema viário. Segundo a MRV, será construída uma nova via de acesso, que vai ligar Mussurunga a Avenida 29 de Março, com pouco mais de 1 km de extensão.
“Se aumenta o número de pessoas, precisa aumentar o número de serviços prestados. Por mais que sejam pessoas de classe média no empreendimento, por mais plano de saúde que as pessoas tenham, existem, por exemplo, campanhas de vacinação, quando elas vão ter que utilizar o setor público de dentro do bairro, o que vai aumentar a demanda dos postos de saúde. Eu não entendo como um impacto positivo [a construção condomínio], a não ser que eles apresentem um plano de ação efetivo e contrapartidas para a comunidade”, reforça Rodolfo.
Em nota enviada ao Bahia Notícias, a MRV informou que aguarda permissão para que a construção seja iniciada. “O empreendimento segue em trâmite de aprovação junto aos órgãos competentes. Assim que a empresa tiver de posse das aprovações e já com o cronograma de execução voltará a dialogar com os vizinhos do empreendimento, informando o passo a passo das obras e as intervenções que serão feitas na região”.