Discriminação na contratação em razão da cor da pele: inadmissível”, escreveu ela na rede social. “Na minha Constituição, isso ainda é proibido”, afirmou a juíza ao responder um comentário feito na publicação.
Publicado na manhã deste sábado (19), o tuíte já acumulava cerca de 500 curtidas por volta das 15h.
Alguns perfis criticaram a postura da magistrada.
“Puxa vida, que absurdo haver ações afirmativas num país genuinamente racista, cujos passado e presente são de genocídio do negro brasileiro, que ganha menos e morre mais. É realmente inadmissível, todos somos iguais. Tenho até amigos pretos empregados, não precisa disso”, escreveu o perfil @NatanCafe.
“Vamos voltar no tempo, escravizar sua raça sistematicamente por gerações, depois pregar sobre a inferioridade da cor da sua pele séculos, para finalmente te inserir num local subalterno de guetos e subempregos. Aí você pode comentar isso sem parecer uma patricinha alienada”, escreveu @Rvfk5
Outros, no entanto, concordaram com ela. “O problema é o precedente que se abre. Existem maneiras de combater a desigualdade racial e discriminação, sem precisar abrir um precedente de… Segregação”, afirmou @SamLimaContador.
“A senhora está certíssima. Não compro mais na @magazineluiza e na @Ambev por elas estarem executando práticas discriminatórias de seleção”, escreveu @EUGNIODANTAS3.
Em seu perfil, Ana Luiza afirma que é “aquela que gosta do art. 5º”. Esse artigo da Constituição afirma que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.
Na sexta-feira (18), o Magazine Luiza anunciou a abertura das inscrições para o programa que seria voltado apenas para negros.
“O objetivo do Magalu com o programa é trazer mais diversidade racial para os cargos de liderança da companhia, recrutando universitários e recém-formados de todo Brasil, no início da vida profissional”, informou a empresa, em comunicado.
Atualmente, o Magazine Luiza tem em seu quadro de funcionários 53% de pretos e pardos. Mas apenas 16% deles ocupam cargos de liderança.
Segundo a empresa, o programa de trainees lançado nesta sexta-feira é o primeiro exclusivo para negros do Brasil. Ele foi desenvolvido em parceria com as consultorias Indique Uma Preta e Goldenberg, Instituto Identidades do Brasil, Faculdade Zumbi dos Palmares e Comitê de Igualdade Racial do Mulheres do Brasil.
Conforme reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo nesta semana, um homem branco chega a ganhar em média quase 160% a mais do que uma mulher negra, mesmo quando ambos são formados em universidades públicas ou dentro de uma mesma profissão.
Segundo pesquisadores do Insper, isso revela a discriminação contra negros e mulheres no acesso a empregos bem remunerados ou a posições de destaque dentro das empresas
A empresa disse que não comentaria o caso, mas afirmou que fez uma extensiva análise jurídica para o programa.
Procurada, a juíza não havia se pronunciado até a publicação desta reportagem.