Zumbi vive. Lauro de Freitas comemora 20 de novembro

O dia 20 de novembro, é feriado municipal em Lauro de Freitas, é dia de celebrar a consciência negra, momento de recontar a verdadeira história de luta dos africanos e africanas no Brasil que em nenhum momento se renderam a escravidão e protagonizaram levantes, batalhas, conspirações e revoltas. Tudo isso para conquistar a liberdade para si e para as gerações futuras.

A Superintendência de Promoção da Igualdade Racial (SUPIR) da Prefeitura de Lauro de Freitas, em conjunto com a Secretaria de Cultura e Conselho de Igualdade Racial realizará uma série de eventos alusivos à temática; O novembro Negro.

Confira a programação.

O feriado de 20 de novembro em Lauro de Freitas foi instituído através da lei n 1344/09 de autoria do vereador Lula Maciel e que enfrentou forte resistência por parte de dirigentes comerciais e lojistas.

Associação Bahiana de Supermercados (ABASE) entrou ná justiça com um pedido de revogação da lei, questionando sua constitucionalidade. A magistrada Zandra Anunciação Alvarez Parada, julgou improcedente e indeferiu o pedido, mantendo o feriado.

Mas, apesar de se constituir como uma simbólica e importante vitória para o movimento negro de Lauro de Freitas, o 20 de novembro precisa percorrer um longo caminho até se consolidar como uma data de grande referência para acidade.

O debate racial não está contido na agenda política da cidade. É uma discussão sempre anexa, só aparece depois que todas as outras agendas estão esgotadas. A SUPIR agoniza junto ao Rio Joanes em Portão, com recursos apenas para a folha de pessoal.

O racismo institucional consegue criar um laço entre o outubro rosa e o novembro azul, mas não permite agregar, nessas mesmas campanhas, a cor de nossas peles. A fé africana, e nossas lideranças religiosas, continuam no lugar de desprestígio em determinadas repartições. Babalorixá com título de Dr. Não pode receber isenção, pois o racismo ensinou que pai de santo tem status de miserável. Funcionários religiosamente afro assumidos, precisam se adaptar a ambientes neopentecostais, para não contrariar a linha hierárquica do poder.

Nas atividades de cunho culturais, financiadas pelo poder público, se somados, os projetos alusivos a pauta, não representam nem 20% do somatório, quando cruzados com outros seguimentos.

Claudia Santos, diretora executiva da SUPIR, chama a atenção para o esvaziamento político da pasta. Cláudia cita como exemplo, a relação com as comunidades tradicionais de Matriz Africana. Segundo ela, as solicitações demandadas por esse seguimentos que deveriam ser escoadas pela SUPIR, são atendidas por outras pastas como: SECULT, SESP e Gabinete, o que invisibiliza a  superintendência.

E assim caminhamos, seguindo os exemplos de Zumbi dos Palmares, Dandara e Akotirene. Lutar e resistir sempre, retroceder jamais.  Viva o 20 de novembro feriado. Viva Zumbi. Viva o povo negro de Lauro de Freitas.

Por: Ricardo Andrade