Representantes das secretarias de Polícia Civil e Polícia Militar deram entrevista coletiva no início da noite desta quinta-feira (21) sobre a ação das duas corporações no Complexo do Alemão. Durante a coletiva, foram confirmados, de acordo com as forças policiais, 18 mortos na ação – 16 suspeitos, um policial e uma moradora.
A ação tinha como alvo uma quadrilha de roubo de veículos. Durante a coletiva, o subsecretário operacional da Polícia Civil, Ronaldo Oliveira disse que preferia que “eles não tivessem reagido e a gente ter prendido os 15 ou 14, mas infelizmente eles escolheram atingir os policiais”. Posteriormente, foram confirmados os 16 suspeitos mortos.
Representantes das duas corporações também lamentaram as mortes do policial Bruno de Paula Costa – que deixa dois filhos autistas – e da moradora Letícia Marinho de Sales, de 50 anos, moradora baleada dentro do carro — segundo parentes, por um policial. A Delegacia de Homicídios investiga a morte de Letícia.
Até então, a Polícia Militar tinha confirmado cinco mortos na operação, nesta quinta-feira (21), no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio. A ouvidoria da Defensoria Pública e a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil já afirmavam que havia pelo menos mais 15 corpos deixados na UPA, além dos 5 mortos no Hospital Getúlio Vargas, na Penha.
A ação
Moradores relataram intensos tiroteios e até rajadas contra um helicóptero. No meio da manhã, mototaxistas saíram em um protesto.
Carro retira três corpos da comunidade da Grota, no Complexo do Alemão — Foto: Reprodução
Resumo da operação, segundo informações da PM:
- 4 presos na Favela da Galinha;
- apreensões: metralhadora .50 (capaz de derrubar helicóptero), quatro fuzis e duas pistolas;
- 400 policiais de Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil;
- 4 helicópteros e 10 veículos blindados usados na ação.
- 48 motos apreendidas
Moradores retiram corpos no Alemão — Foto: Reprodução/TV Globo
Cápsulas recolhidas no Complexo do Alemão — Foto: Betinho Casas-Novas/TV Globo
Baleada dentro de carro
Segundo parentes, Letícia era moradora do Recreio e foi baleada dentro do carro por policiais e chegou morta à Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Alemão.
Denilson Glória, namorado de Letícia e que estava com ela no carro na hora do ataque, contou que policiais dispararam num sinal da Rua Itararé.
“Ao sair, tinha policial num sinal, paramos. Mesmo assim, o carro foi alvejado”, afirmou. “Só vi ela caindo para o meu lado. Quando eu olhei, tinha um furo no peito”, detalhou.
Jaime foi atingido de raspão — Foto: Reprodução/TV Globo
Jaime Eduardo da Silva, primo de Denílson, também foi atingido de raspão no pescoço.
“E agora, o que vou falar para a família que está lá dentro chorando? O que eu vou dizer para a filha da mulher que está lá chorando? O que eu vou dizer para o neto da mulher que está chorando? Vou falar o quê?”, questionou.
“Foi dado para matar. Porque o policial atravessou na frente do nosso carro e deu o tiro.”
Operação da PM e Polícia Civil no Complexo do Alemão — Foto: Foto: José Lucena/The News2/ Estadão Conteúdo
‘Matador de policiais’ do Pará ferido e preso
Um criminoso conhecido como “matador de policiais” no estado do Pará deu entrada na UPA do Alemão ferido a tiros nas pernas, segundo a PM.
“Com mandado de prisão em aberto, “Esquilo”, como é chamado, está sob custódia da Polícia Militar e permanecerá preso”, postou a corporação.
‘Situação tensa’
“A situação na região como um todo ainda é bastante tensa”, afirmou o tenente-coronel Ivan Blaz, porta-voz da PM no início da tarde.
O Bope e o Core, grupos de elite das corporações, foram mobilizados, assim como 10 blindados e um helicóptero. Só da PM, 400 homens estão na operação.