O item 46 da Resolução 715, emitida pelo Conselho Nacional de Saúde, destaca a importância desses espaços como verdadeiros equipamentos de saúde e cura complementares, dentro do Sistema Único de Saúde – SUS.
Cultura e Saúde: uma conexão significativa
Os povos tradicionais de matriz africana têm uma rica herança cultural, que inclui práticas de saúde e cura profundamente enraizadas em suas tradições. Espaços como terreiros, terreiras, barracões e casas de religião, desempenham papéis vitais na preservação dessas práticas e na promoção do bem-estar físico e mental de seus membros. A cultura afro-brasileira tem uma profunda relação com a espiritualidade e a natureza e, esses elementos, desempenham um papel importante na concepção de saúde e cura.
Primeira Porta de Entrada para Cuidados de Saúde
Esses espaços não são apenas centros religiosos, mas também atuam como a primeira porta de entrada para muitas pessoas que buscam cuidados de saúde. Reconhecendo que essas comunidades, muitas vezes enfrentam desafios de saúde distintos, a resolução reconhece que os espaços tradicionais de matriz africana são eficazes no tratamento de desequilíbrios mentais, psíquicos, sociais e alimentares. Isso reforça o seu papel central, como promotores de saúde em suas comunidades.
Preservação Cultural e Combate à Discriminação
O reconhecimento desses espaços, como equipamentos de saúde e cura, não apenas valoriza as tradições culturais dessas comunidades, como, também, contribui para o combate ao racismo, à violação de direitos e à discriminação religiosa. Ao incluir esses espaços na política de saúde pública, o Brasil demonstra seu compromisso em respeitar e preservar as complexidades inerentes às culturas e aos povos tradicionais de matriz africana.
Uma Abordagem Integrada e Sensível à Cultura
A abordagem preconizada pelo item 46, da Resolução 715, reflete um entendimento, profundo, de que a saúde não é apenas física, mas também está ligada à espiritualidade, à identidade cultural e às relações sociais. Valorizar e incorporar essas práticas e espaços tradicionais, no âmbito da saúde pública, não só amplia as opções de cuidados disponíveis, mas também respeita a diversidade cultural e contribui para a construção de um sistema de saúde mais inclusivo e eficaz.
O reconhecimento dos espaços tradicionais de matriz africana, como equipamentos promotores de saúde e cura complementares no SUS, é um passo importante em direção à uma abordagem mais abrangente e sensível à cultura na área da saúde. Essa medida respeita as tradições culturais, combate a discriminação e valoriza a diversidade, contribuindo para um sistema de saúde que atenda, verdadeiramente, às necessidades e crenças das comunidades afro-brasileiras.