A corrida mundial pela busca de uma vacina eficaz contra o novo coronavírus ganha mais um nome de peso: a Rússia. Segundo informações de um correspondente da CNN International, uma vacina russa pode ser aprovada até o dia 10 de agosto.
Segundo informações, a vacina está sendo desenvolvida pelo Instituto Gameleya, em Moscou. O laboratório pode produzir até 200 milhões de doses até o fim do ano. Dessas, 30 milhões seriam exclusivas para a Rússia.
Essa vacina estaria na segunda das três fases de testes clínicos e os pesquisadores teriam testado as vacinas neles mesmos para avaliar a eficácia do projeto em fomentar o desenvolvimento de uma resposta imune no organismo humano.
Porém, ainda não está claro qual o grau de proteção imunológica desse novo projeto de vacina que o Instituto Gameleya está tentando criar. Segundo informações da Bloomberg, o instituto russo não publicou os resultados da segunda fase do estudo, que envolveu cerca de 40 pessoas, e mesmo assim iniciou a próxima etapa de avaliação do projeto.
“Os americanos ficaram surpresos quando ouviram os sons do Sputnik. É o mesmo com a vacina, a Rússia vai ter chegado lá primeiro”, afirmou Kirill Dmitriev, diretor de um fundo soberano russo que está financiando a pesquisa da vacina.
Kirill refere-se ao Sputnik, o primeiro satélite lançado com sucesso pela humanidade em 1957, em uma clara referência a disputa tecnológica da Guerra Fria envolvendo União Soviética e EUA.
Segundo autoridades russas, o desenvolvimento do medicamento está em fase acelerada de pesquisa por conta do cenário severo que o país enfrenta com o novo coronavírus. Segundo os mais recentes dados da Universidade John Hopkins, a Rússia possui 822.060 casos confirmados, com pouco mais de 13 mil óbitos.
Outras vacinas
Outra importante candidata a vacina contra o coronavírus está sendo testada e desenvolvida pela Universidade de Oxford, em parceria com o laboratório AstraZeneca. Os testes no país ocorrem com o auxilio da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Segundo informações do secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros, caso os testes da vacina de Oxford mostrem que o medicamento é eficaz, o Brasil irá receber até o fim do ano cerca de 15,2 milhões de doses da vacina.
O governo brasileiro já encomendou 100 milhões de doses do produto. Segundo Medeiros, a expectativa é que 15 milhões de brasileiros possam ser vacinados até o final deste ano com o primeiro lote.
A BioNTech, empresa alemã de biotecnologia e a Pfizer, farmacêutica americana, também estão com a sua vacina na fase de testes finais. O governo dos EUA anunciou que irá pagar cerca de US$ 1,95 bilhões à Pfizer para que a empresa produza e entregue 100 milhões de doses de sua potencial vacina contra a Covid-19 caso os testes finais provem que o medicamento é seguro e eficaz.
Outra importante candidata é a da empresa chinesa Sinovac. A vacina chinesa, chamada de CoronaVac, começou a ser testada em brasileiros na última semana.
No Brasil, o estudo é liderado pelo Instituto Butantan, em São Paulo. Segundo informações do laboratório chinês, cerca de 9 mil pessoas vão participar dos testes em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e no Distrito Federal.
De acordo com o governo do Estado de São Paulo, o Instituto Butantan está adaptando uma fábrica para a produção da vacina. A parceria entre o laboratório chinês e o Butantan foi anunciada no dia 11 de junho em coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes.
Na ocasião, o governador do estado João Doria (PSDB) disse que, se comprovada a eficácia e segurança da vacina, ela será disponibilizada no SUS a partir de 2021.
Na última segunda-feira (27), a farmacêutica americana Moderna iniciou a última fase de testes da sua potencial vacina contra o novo coronavírus.
A vacina da companhia será testada em aproximadamente 30 mil pessoas em 87 lugares diferentes dos Estados Unidos até meados de outubro. Ainda de acordo com a empresa, caso a vacina se mostre realmente eficaz, a Moderna conseguirá produzir entre 500 milhões até 1 bilhão de doses da vacina por ano.
Segundo um recente estudo da Plos One, revista científica da Public Library of Science, projeto global sem fins lucrativos que tem o objetivo de criar uma biblioteca de revistas científicas dentro do modelo de licenciamento de conteúdo aberto, as chances de prováveis candidatas para uma vacina darem certo é de seis a cada 100.
O relatório ainda afirma que a média de tempo para produção de uma vacina e sua ampla disseminação global é de cerca de 10,7 anos. Para efeito de comparação, caso a vacina para o novo coronavírus saia ainda neste ano ou no próximo, esse já seria, de longe, o menor tempo hábil que o ser humano levou para desenvolver uma vacina.
A vacina mais rápida a ficar pronta foi a contra a caxumba, criada nos anos 1960, em um processo que levou quatro anos. Já a vacina contra o ebola, também considerada uma das mais rápidas em termos de produção, demorou cerca cinco anos para ficar pronta e foi aprovada para uso nos Estados Unidos somente no ano passado.
Portanto, para conter a crise do novo coronavírus, laboratórios e cientistas do mundo inteiro estão correndo contra o tempo e as estatísticas para encontrar a melhor solução no menor tempo possível.