O Rio Capivara Grande, genuinamente camaçariense, que tem seus 43 km de curso totalmente dentro do município, vem sendo sufocado pelo derrame maciço de excrementos provenientes de Vila de Abrantes. Estudo técnico do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA), no início deste ano, revelou que a contaminação se estende por todo o percurso do rio e derruba o Índice de Qualidade da Água (IQA) para apenas “regular” (entre 38 e 51 IQA).
Essa triste realidade de um rio que agoniza foi constatada por Rivelino Martins e Ana Maria Mandim, integrantes do grupo Gestão Ambiental, em incursão que fizeram a pontos críticos do rio no Distrito de Abrantes. Em Areias, o leito majestoso do Capivara Grande transformou-se em um mar de vegetação, floresta exuberante, adubada pelo esgoto que chega por cursos d’água estreitos, canais de águas turvas em que boia matéria fecal, cujo fedor se sente de longe.
Na Estiva de Buris, em Abrantes, um afluente do Capivara, riacho de excrementos, beira residências, recolhendo águas servidas e material fecal que se mistura com o lixo das margens e pode ser visto em suspensão nas águas cinza esverdeadas. Nem sinal de peixes ou de qualquer outra vida aquática, exceto as plantas adaptadas àquele meio.
Toda essa carga fatal para o Rio Capivara Grande é levada a Areias por um afluente largo que passa em Gajirus, região na entrada de Jauá, e segue por duas manilhas colocadas por baixo da Estrada do Coco (BA-099). Ali se repete o padrão: a matéria orgânica fertiliza a vegetação, que acaba ocupando todo o espelho d’água. De rio vira charco. E, passado mais tempo, nem isso.
Uma moradora de Gajirus, Lucicleide (foto), vive ali desde que nasceu e disse que, quando menina, moradoras lavavam roupa na beira do rio e as águas eram transparentes. A água de beber era buscada nas nascentes, segundo ela. Bons tempos que não voltam mais!
Roteiro da incursão: Rivelino Martins
Texto e fotos: Ana Maria Mandim