Por Tereza Cruvinel, em seu blog:
O líder do PT na Câmara, Afonso Florence, cobra do governo a abertura de negociações sobre a MP da reforma do ensino médio, antes que o aumento das ocupações, previsto para a semana que vem, produza confrontos entre grupos opostos e ações policiais como a que hoje resultou na detenção de estudantes, com uso de algemas, em Tocantins. “Se acontecer uma tragédia, e já houve uma morte no Paraná, a culpa será de Temer, que já devia ter autorizado a abertura de negociações”, diz Florence.
Um governo democrático e realmente disposto ao diálogo, diz ele, diante da ocupação de mais de mil escolas, às vésperas do Enem, em clima de revolta contra uma reforma deflagrada de forma autoritária, já estaria conversando com o Congresso, com a Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) e outras representações dos estudantes.
– Em sinal de disposição para dialogar, o primeiro ato do governo deveria ser a revogação da MP do ensino médio – diz Florence explicando: antes de o governo editar sua MP reformando o ensino médio, já tramitava há muito tempo na Câmara um projeto de lei sobre o assunto. Como uma reforma educacional não é algo que se implementa da noite para o dia, mas no curso dos anos letivos, não havia a urgência que justificasse o uso de uma MP. Para evitar o pior, ele exorta os líderes governistas a convencerem o Planalto da necessidade de abrir negociações, tanto com o Congresso, em torno do projeto de lei, como com os estudantes e as entidades educacionais.
– Não estou dizendo que o projeto de lei seja perfeito ou melhor que a MP. Pode ter problemas mas podemos negociar as correções. O que não é possível é a teimosa indiferença do governo, achando que vai vencer pelo cansaço, se não pela repressão, o movimento destes jovens. E o pior é podem explodir confrontos entre eles mesmos, pois os chamados “coxinhas” estão se mobilizando contra os que promovem as ocupações de institutos federais e escolas públicas de segundo grau.
Os estudantes protestam também com a PEC 241, que ao congelar o gasto público, reduzirá as verbas destinadas a educação e saúde. Se o governo quiser negociar, há emendas diversas no Senado, estabelecendo garantias variadas para os gastos com os dois serviços essenciais. Na votação da PEC pela Câmara, o trator de esteira do governo passou sobre a oposição sem admitir qualquer tipo de negociação.