A Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) informou mais detalhes sobre a primeira infecção por Candida áuria no Brasil, considerado um “superfungo” por ser mais resistente aos antifúngicos conhecidos atualmente. A pasta informou que o microorganismo foi encontrado no catéter de um paciente internado em um hospital particular de Salvador. O nome da unidade não foi divulgado.
O infectologista da Diretoria da Vigilância Epidemiológica da Bahia, Antônio Bandeira, disse que ainda há cepa do fungo resistente a apenas um tipo de classe de antifúgicos, a duas classes de medicamento e até a todas as três classes. “Até o momento, a gente não sabe qual o grau de resistência dessa cepa. O que a gente sabe é que o paciente está bem, conseguiu ter uma excelente recuperação e não tem relação a nenhum risco nesse momento”, relatou.
“Esse fungo tem uma característica diferente. A maior parte dos fungos não é transmitido de pessoa a pessoa. No entanto, esse fungo pode ter transmissão por contato. Além disso, ele pode ficar em superfícies que podem servir de material intermediário para a transmissão. Por isso, está sendo feito todo o esforço para não só investigar essa possibilidade, mas muito mais para prevenir esse tipo de coisa”, alertou.
Esse fungo pode permanecer viável por longos períodos no ambiente (semanas ou meses) e apresenta resistência a diversos desinfetantes, entre os quais, os que são à base de quartenário de amônio. Bandeira contou que a área onde o paciente estava foi isolada, mas o hospital segue em funcionamento. “Todas as medidas dentro da unidade hospitalar foram feitas para isolamento dos pacientes, para reforço das medidas de higienização das mãos e das superfícies. […] Nesse momento, não há nenhuma evidência de que haja necessidade disso [de isolar ou fechar a unidade de saúde]”, informou.
DIAGNÓSTICO
Essa é a primeira vez que o fungo é isolado no Brasil, mas o infectologista diz que o caso pode não ser o ‘caso zero’. “O que sabemos é que esse fungo foi encontrado no catéter de um paciente que estava internado, mas não temos como saber se esse é o paciente número um ou se há mais pacientes, isso está sendo investigado ainda”
O paciente foi diagnosticado por Mal de Toff, uma doença causada pelo Cândida áuris. Um primeiro exame levantou a suspeita do “superfungo”, fazendo com que o hospital acionasse o Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen-BA), que confirmou a suspeita.
Após a contraprova, o material foi enviado para análise em São Paulo e o mapeamento genético ainda está sendo feito. “Como se trata da primeira circulação desse fungo aqui no Brasil, essa cepa foi enviada para São Paulo para que possa ser feito o sequenciamento genético para identificar a sequência do fungo”.
O fungo foi identificado pela primeira vez em 2009, no canal auditivo de uma paciente no Japão. Desde então, houve casos identificados em países como Índia, África do Sul, Venezuela, Colômbia, Estados Unidos, Israel, Paquistão, Quênia, Kuwait, Reino Unido e Espanha.