
Depois da tragédia que terminou com 56 internos mortos no maior presídio do Amazonas, na cidade de Manaus, entre o domingo (1º) e segunda-feira (2), a reportagem buscou informações sobre o quadro do crime organizado nas unidades prisionais da Bahia, geridas pela Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização da Bahia (Seap).
Governo e sindicato reconheceram que em quase todas as unidades prisionais da Bahia há atuação de facções criminosas. O Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado da Bahia (Sinspeb) diz ter mapeado núcleos do Comando da Paz (CP), Primeiro Comando da Capital (PCC), além do Bonde do Maluco e Caveira, “que são ramificações do PCC e Katiara”.
“São barris de pólvora prontos para explodir”, alerta o delegado sindical, Fernando Fernandes.

A entidade avalia ainda que a matança do presídio de Manaus pode acontecer em qualquer unidade e a qualquer momento. “Nas unidades terceirizadas a situação é mais grave, pois os empregados terceirizados não são tecnicamente capacitados para identificar movimentos hostis nem tampouco coibi-los”, diz Fernandes.
De acordo com o sindicato dos agentes penitenciários, é recorrente a morte de internos após serem vítimas de espancamentos por serem de facções criminosas. “Muitos presos entram no sistema e são espancados pelo fato de serem oriundos de bairros dominados por facções rivais a dos agressores no presídio”, explica.
O quadro é bastante diferente na avaliação da Seap. Em entrevista , o chefe da secretaria, Nestor Duarte, reconheceu a atuação dos grupos criminosos, mas afirmou que a atuação forte da inteligência impede ocorrências como a de Manaus.
“Temos uma inteligência prisional que criamos e isso tem dado certo. Vira e mexe nós impedimos um início de rebelião, pois eles disputam espaço na rua e internamente.Temos batalhão de guarda em todas as nossas unidades. Ninguém pode garantir que não vai ter uma rebelião, mas nós fazemos o nosso dever de casa”, garantiu.
Nestor Duarte disse ainda que em alguns presídios os apenados são separados por facções. A medida visa impedir embates. “Em alguns lugares, fazemos. Em outros, não. Em Itabuna era assim e uma juíza mandou desfazer. Achamos que iria gerar problemas, mas nada aconteceu”, contou. O secretário afirmou ainda que a Seap “divide” os presos também por nível de periculosidade e sexualidade.
Ainda segundo Duarte, a Bahia tem hoje 13 mil presos e, muito em breve, terá 13 mil vagas – hoje, de acordo com o Sinspeb tem apenas nove mil.
“Nossa sobrecarga hoje é menor do que a de diversos estados. Em breve teremos 13 mil presos e quase 13 mil vagas e vamos poder respirar melhor. A situação era muito pior quando chegamos no governo”, apontou.
TERCEIRIZADAS – Na Bahia, atualmente sete unidades prisionais são administradas por empresas terceirizadas. Para Nestor Duarte, a terceirização é benéfica para o Estado. O Sinspeb é contra.
VIOLÊNCIA – Em maio de 2015, uma rebelião no presídio de Feira de Santana deixou oito mortos. Segundo o núcleo de comunicação da Seap, em 2016 foram registradas oito mortes de internos, sendo cinco em confronto.
Fonte :Bocão News
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