Por Ricardo Kotscho, em seu blog:
Em seguida, a madre superiora global Cármen Lúcia veio com a mágica de pautar o parlamentarismo sem plebiscito, mas já voltou atrás porque pegou mal.
Qual será a próxima tentativa de novo golpe?
No desespero, sem conseguir apresentar um candidato viável ao distinto eleitorado, a direita brasileira, também conhecida como “establishment” e “mercado”, está apostando tudo para melar as eleições.
Arrancar Lula do jogo foi mais fácil do que tirar doce da boca de criança, mas não adiantou nada.
Tentaram Luciano Huck, João Doria, Joaquim Barbosa, nenhum emplacou.
Aí ficaram com o velho Alckmin de sempre, o Meirelles e o Rodrigo Maia, fora alguns franco atiradores candidatos de si mesmo.
Bolsonaro já foi assimilado por setores do mercado financeiro, mas ainda não é confiável, por mais que agora se apresente como moderno neoliberal desde criancinha.
Cada vez mais perdido diante do fracasso anunciado, FHC já nem cita o correligionário Geraldo Alckmin, que não é da sua turma, nos seus caudalosos artigos dominicais.
Para não ficar fora dos holofotes, colunistas amigos anunciam que ele está operando uma chapa Alckmin-Marina, que seguiria a popular receita de juntar a fome com a vontade de comer.
Ao mesmo tempo, o ex-presidente tucano articula um “polo democrático e reformista”, seja lá o que isso quer dizer, com líderes populares do tamanho de Cristóvão Buarque e Roberto Freire.
É por isso que cada vez mais gente teme pelo adiamento ou simples cancelamento das eleições de outubro.
Estamos chegando a uma encruzilhada muito perigosa: enquanto o “centrismo”, novo nome do “governismo”, na definição do colunista Bernardo Mello Franco, não encontra um candidato, tudo será possível.
Se a situação continuar fora de controle, a quatro meses das eleições, essa turma vai continuar procurando uma saída, ainda que seja necessário decretar um novo AI-5, com togados no lugar dos fardados.
Num país que agora pede o “Fica Temer”, porque a opção pode ser ainda pior, a cada dia surgem novos truques para mudar o cenário eleitoral que lhes é adverso.
Talvez tenham até que contratar algum candidato no estrangeiro, que fale bem inglês, para evitar intermediários no poder.
O que a direita brasileira mais teme não é um candidato de esquerda, mas sua excelência, o eleitor. Os melhores planos são derrubados um por um pela absoluta falta de votos, este é o problema.
Podem mudar as regras do jogo, fazer ameaças de todo tipo, montar as alianças mais espúrias, mas quando os eleitores estão solitários diante da urna eletrônica não tem como obrigá-los a votar em quem não querem.
E isso não há dinheiro no mundo que dê jeito.
Vida que segue.