O deputado federal Celso Russomanno (Republicanos), candidato à Prefeitura de São Paulo, reafirmo, nesta quarta-feira (14/10), que os moradores de rua seriam mais resistentes a Covid-19 porquê não tomam banho. De acordo com o Estadão, ele já havia falado a mesma coisa na noite de terça (13/10).
Tudo começou durante uma coletiva de imprensa após um evento da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). “Temos casos pontuais, não temos uma quantidade imensa de moradores de rua com problema de Covid-19. Talvez eles sejam mais resistentes que a gente porque eles convivem o tempo todo nas ruas, não têm como tomar banho todos os dias, etcetera e tal. Mas não era o que se esperava”, disse o candidato à noite.
Com a repercussão da sua fala, os repórteres perguntaram nesta quarta-feira (14/10) o que Russomano tentava dizer e ele voltou a falar sobre uma resistência maior das pessoas em situação de rua. “Eu estava fazendo uma consideração de que a ciência tem que explicar porque eles [os moradores de rua] são imunes. Talvez porque tenham mais resistência, só por isso, era isso que eu queria falar. Eles têm mais resistência que a gente. O que eu disse, e volto a repetir, é que se alardeava – e eu começo falando isso – que os moradores e rua e que a cracolândia seriam dizimados, seriam exterminados pela Covid-19. E não foi o que aconteceu. E [falei] que a ciência tem que explicar muito para a gente em relação à Covid, era isso que eu estava considerando”, afirmou.
Perguntado, então, se ele mantinha a afirmação da falta de banho, ele retrucou: “Vou te perguntar isso, é uma mentira ou uma verdade? Nós vamos combinar nós três hoje, às 18h, vamos lá no Pátio do Colégio e vamos perguntar se é uma verdade ou uma mentira. Topa? Topa? Quero saber se os aparelhos públicos dão banheiros para que eles possam tomar banho todos os dias. Dão?”, disse, direcionando a pergunta a dois jornalistas que o acompanhavam.
Antes do deputado falar com repórteres, a assessoria de campanha de Russomanno já havia divulgado uma nota assinada pelo candidato. “Alguns jornalistas pinçaram frases minhas fora do contexto, que deturpavam o sentido do que eu falei. Vou esclarecer de uma vez por todas: eu respeito a ciência, não sou um negacionista. E respeito também os moradores de rua e da Cracolândia, que precisam da nossa compreensão e do nosso apoio, não com ações demagógicas, mas com providências que possam, de fato, minorar os problemas deles”, disse o texto.
De acordo com números divulgados pela Prefeitura de São Paulo ao Estadão em junho, 28 moradores de rua haviam falecido em decorrência do coronavírus e cerca de 500 haviam sido contaminados. A cidade possui mais de 24 mil moradores em situação de rua, entre os que ficam em abrigos e os que não têm vaga. Deles, 2,2 mil têm mais de 60 anos de idade.