O governador Rui Costa (PT) acredita que o rompimento com o vice-governador, João Leão (PP), teve um ingrediente a mais além do desarranjo na chapa governista para as eleições de 2022.
Em entrevista para a Rádio 95 FM de Jequié, na manhã desta segunda-feira (21), o petista afirmou que a decisão de Leão foi influenciada por caciques dos progressistas e também pelo próprio presidente da República.
“Houve também pressão grande da direção nacional do PP. […] Acho que teve influência de Bolsonaro, da direção nacional do PP, e também do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que lidera o orçamento secreto”, acusou Rui.
Na semana passada, Leão anunciou sua saída da base governista e a sua pré-candidatura ao Senado na chapa encabeçada por ACM Neto (UB). O líder progressista na Bahia alega que o rompimento é fruto da tensão criada após o vice ser informado pela imprensa que Rui permaneceria no cargo de governador até 31 de dezembro, contrariando as conversas prévias de que Leão herdaria o mandato tampão de 9 meses, ficando responsável pela transição entre os governos.
Rui, no entanto, garante que não houve nenhum acordo neste sentido. Segundo o governador, após reunião com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi ofertado para o senador Otto Alencar (PSD) ser o nome do grupo governista para a disputa ao Palácio do Planalto nas eleições de outubro, mas o social democrata negou o convite.
Segundo a versão do chefe do Executivo do estado, foi nessa deixa que o PP tentou se impor. “Infelizmente o PP, que viu a expectativa de eventualmente na hipótese de eu ir para o Senado e sentar na cadeira de governador, criou uma situação constrangedora, porque eles disseram: ou você renuncia ao seu mandato para o PP sentar na cadeira ou tira Otto do Senado”, afirmou. “Eu disse: ‘me tirar da cadeira de governador vocês não vão porque o povo da Bahia me elegeu governador. E é natural que Otto seja o candidato à reeleição’”, completou.
Em seguida, Rui fez uma revelação sobre as eleições de 2018. Segundo o governador, na época o grupo teria dado a escolha para Leão concorrer ao Senado ou à vice, e o progressista escolheu a segunda opção, mesmo alertado que em 2022 haveria apenas uma vaga para a Câmara Alta. Em 2018 a Bahia elegeu Jaques Wagner (PT) e Ângelo Coronel (PSD) para as duas cadeiras do estado para o Senado.