O coelho na cartola de Jaques Wagner em 2014 não é mágico, porém parece ser uma carta na manga para o tabuleiro do PT em 2018. Rui Costa, autodeclarado candidato à reeleição ao governo da Bahia, foi alçado à condição de presidenciável em 2018 pelo presidente do partido na Bahia, Everaldo Anunciação, e, na primeira aparição pública após o episódio, negou enfaticamente a hipótese. Remota, já que precisaria ter, no mínimo, os impedimentos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-governador Jaques Wagner, a informação é o tipo de boato a favor que não deve ser descartada. Desde o início da crise política, ainda no governo de Dilma Rousseff, Rui dividiu o protagonismo dos governadores que a apoiavam com Flávio Dino (PCdoB), responsável por derrotar o clã Sarney no Maranhão. Costurou, pouco a pouco, uma posição de liderança confortável e teve feitos importantes, como consolidar a Bahia como o principal foco de resistência ao impeachment de Dilma na Câmara dos Deputados. Manteve as contas organizadas e não vivenciou crises pesadas do ponto de vista político e administrativo (esqueçamos as mortes do Cabula, um calo no sapato do recém-chegado ao Palácio de Ondina em 2015). Tornou-se, então, uma opção viável para um momento em que bons gestores fazem falta para a administração pública. No último encontro de governadores nordestinos, emplacou um plano de previdência complementar criado por ele na Bahia para ser utilizado pelos demais conterrâneos. São apenas alguns exemplos. Enquanto o restante do país vive uma crise sem precedentes, Rui passa sem sobressaltos na Bahia e mantém bons índices de aprovação. Conseguiria ele resistir aos leões do sul, que ainda controlam parcela significativa do PT? Não é possível prever. Entretanto a negação dele pode ser uma fase preparatória para voos maiores. De apadrinhado político a padrinho de um projeto novo, talvez seja necessário apenas o empurrão de um mago. Ou alguém conhecedor de marketing político.