Por Altamiro Borges
O “prefake” João Doria, que adora chamar os grevistas de “vagabundos” e os adversários políticos de “bandidos”, pode ser mais uma vítima das bombásticas delações dos chefões da JBS. Ele até tentou ficar distante do explosivo assunto. Disse apenas que estava decepcionado com as palavras de “baixo calão” do seu amigo Aécio Neves e tentou esconder as suas relações carnais com Joesley Batista. Para despistar, ele também se travestiu de capanga e esbanjou truculência na Cracolândia, no centro de São Paulo. Todas estas manobras diversionistas, porém, talvez não sejam suficientes para salvar a sua imagem – tão trabalhada pelos marqueteiros e pela mídia chapa-branca. Nesta segunda-feira (22), o site da insuspeita revista Veja postou uma notinha que mostra as estranhas ligações de João Doria com o deputado Rodrigo Rocha Loures, o homem da mala do Judas Michel Temer.
A matéria, assinada pelo repórter João Pedroso Campos, estampa uma foto bem risonha do “prefake” com o parlamentar corrupto e comenta em tom de ironia: “O prefeito de São Paulo, João Doria Jr. (PSDB), e o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) mantinham uma relação que ia além da foto acima, em que os dois aparecem abraçados fraternalmente em um evento do Lide, clube de empresários fundado por Doria, e da viagem de Rocha Loures a Nova York na semana passada, onde participou de seminários com o prefeito paulistano. Antes de entrar na vida política, João Doria se importava com o sucesso eleitoral do parlamentar”. Os detalhes desta relação são sinistros:
“Prova da deferência do hoje tucano ao peemedebista é a doação de 50.000 reais feita por Doria à campanha de deputado federal de Rodrigo Rocha Loures em 2014. Declarada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a doação foi feita via transferência eletrônica no dia 29 de agosto de 2014… Encarregado pelo presidente Michel Temer de tratar dos interesses da JBS no governo e flagrado pela Polícia Federal carregando uma mala com 500.000 reais entregue por um executivo da empresa, Rocha Loures foi eleito naquele ano suplente de deputado federal. O titular da cadeira na Câmara é o ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB-PR)”.
A “Veja” até ouviu o outro lado – o que não é do seu costume quando se trata de inimigos políticos da famiglia Civita. “A assessoria de imprensa do prefeito João Doria afirma que ‘não há deferência nenhuma. O candidato estava em campanha e o prefeito fez uma doação legal, do seu próprio bolso. Naquele momento, o deputado Rocha Loures era um deputado, inclusive, com relações no meio empresarial. Ele não fazia parte da comitiva do prefeito que viajou a Nova York, até porque o prefeito não viaja em comitiva. O prefeito foi convidado a alguns eventos aos quais Rocha Loures também foi. João Doria doou 50.000 reais a um candidato de suas relações e sobre o qual, naquele momento, nada pesava”. Será que os paulistanos vão acreditar também nesta conversa mole?