Com tristeza e indignação recebemos o texto compartilhado por figura ligada ao mundo politico eleitoral da cidade, tentando desqualificar as ações realizadas pelo Bloco Afro Bankoma e a consequente conquista de apoio/patrocínio institucional para a sua principal realização anual, que é a participação no Carnaval de Salvador, aliás, como único bloco de fora da capital a ter essa primazia.
O desconhecimento da realidade ou a má fé dos que lançam tal ataque ao Bankoma e à comunidade de portão, não se justifica, a não ser pela inveja, características dos que não conseguem realizar nada de bom, que não tenha qualquer ligação com candidaturas eleitorais ou interesses pessoais.
Fosse o Bankoma um bloco comercial, ligado a algum grupo político ou empresarial, formado dentro da elite branca de Lauro de Freitas, nascido dentro de condomínios de luxo, ou de alguma igreja, de qualquer denominação, ao invés das raízes de um terreiro de candomblé, certamente não veríamos essa manifestação de clássico racismo religioso e institucional. Talvez até menções de aplauso e transformação em patrimônio imaterial como recentemente se fez na cidade. Racistas, tenham eles (as) a origem que tiverem, não terão a nossa complacência ou medo. Enfrentaremos, como fizemos com os que escravizaram nossos ancestrais.
Os mesmos membros da sociedade que condenam a destinação de recursos e estrutura menores que os anteriormente destinados ao Bankoma, são os que louvam a destinação de quase meio milhão para a festa das igrejas católica e evangélicas ao longo do ano.
Seria muito bom se avaliar quem de verdade está por trás dos blocos de Lauro de Freitas. Das supostas manifestações culturais que alimentam na verdade o ego e os projetos políticos eleitorais de políticos eleitoreiros e suas candidaturas, maquinadas inclusive à revelia da legislação eleitoral.
Nunca trocamos nem trocaremos os serviços e políticas culturais que realizamos por voto ou qualquer benesse política. Os que nos atacam e tentam desqualificar dentro e fora do conselho não podem dizer o mesmo e a cidade sabe disso!
As ações na comunidade, ao longo de cada ano não tem a visita de nenhum conselheiro ou de qualquer dessas supostas lideranças que ora se “indignam”, mas cada projeto que apresentamos ou que reverencia o nosso fazer cultural é alvo da mais deslavada discriminação e racismo institucional, muitas vezes de pessoas que dizem nos representar. Isso é triste e inadmissível.
São 19 anos de luta do projeto Bankoma, de sua construção da valorização da comunidade em que está encravado, de dedicação à tradição e à ancestralidade.
Muito antes disso, 71 anos atrás, ou seja, bem antes desse município se emancipar era Mameto Mirinha de portão, a porta voz e baluarte da busca de melhorias para essa cidade, são fruto da sua luta por exemplo a construção do Menandro em nossa cidade. O respeito à sua comunidade, que a levou a incorporar o nome do bairro ao sobrenome é demonstração de respeito por sua comunidade e hoje mantido por seus descendentes e lideranças da atuação religiosa do terreiro e socio-cultural da associação e do Bloco, reconhecido como representação do município até em países europeus, latinos e africanos. Esse legado merece e exige respeito.
Se chegamos até aqui, tivemos muitos apoios é verdade, locais, estaduais, nacional e internacional, mas, acima de tudo isso tivemos a perseverança da nossa comunidade de terreiro e do querido povo de Portão, protagonistas desta construção cultural.
Quando essa cidade não tinha qualquer elemento fundante da política cultural pela via institucional, a atuação firme e propositiva do nosso saudoso Taata Kasutemi (Raimundo do Bankoma), então presidente do recém criado Conselho de Cultura, foi fundamental para a elaboração de um calendário de atividades culturais tradicionais, referência até hoje (deformado por muitos que hoje nos atacam) bem como dos estudos e proposição do que é hoje o fundo de cultura do Município.
Não temos o que conquistamos, por sermos amigos de Reis ou Rainhas, mas por que nos organizamos e atuamos o ano todo, ao invés dos que se organizam a cada ano, apenas para representar interesses alheios, omissos e as vezes escusos, às custas dos recursos do fundo.
Não nos percebemos como alvo de favores destes ou daqueles agentes institucionais. Apresentamos projetos, realizamos os mesmos e prestamos contas devida e tempestivamente. Façam o mesmo. Botem vossas cabeças, braços e pernas para funcionar.
Construam as vossas caminhadas, conquistem o respeito que cada um de vocês merecem, mas, acima de tudo, *RESPEITEM QUEM SOUBE CHEGAR ONDE A GENTE CHEGOU!* Mameto Kamurici .