Além do assoreamento, aterro criminoso, descarte de entulhos e lixos, desmatamento da mata ciliar, o local é usado para tortura, desova e cemitério submerso
O assoreamento e o aterro criminoso que se vê da nascente do Rio Picuaia, no limite entre os bairros de Itinga e do Caji, dá a impressão que se trata de uma lagoa, como muitos tratam o rio. Apesar de várias denúncias de moradores da região e de ambientalistas, além de processos instaurados no Ministério Público(MP), a ação de degradação do Picuiaia continua, com a presença diurna de veículos como caminhões, carroças, carros pequenos e de pessoas, que descartam entulho e lixo onde deveria existir a mata ciliar, que protegia a beira do rio, além do aterramento de seu leito com o avanço de obras de construções e ocupações ali existentes.
Um coletivo, denominado Grupo SÓ VIDA, realizará o evento “ Protesto pela revitalização do Rio PICUAIA” no próximo dia 08 / 01 / 2017 às 09: 00 h, próximo ao Condomínio Brisa e Condomínio Dona Lindu, para chamar a atenção das autoridades municipais, estaduais e da justiça, para impedir o fim da nascente e do rio.
Cemitério submerso
Apesar de linda, essa “lagoa”, localizada no bairro do Caji em Lauro de Freitas, perto do presídio, pode ter sido o último destino de dezenas de pessoas. A “guerra” gerada pelo tráfico de drogas e os grupos de extermínio, há anos utilizam a lagoa para desovar os corpos de suas vítimas. Moradores novos e antigos do local afirmam que sempre houve e ainda existe movimentação suspeita durante a madrugada nas margens da “lagoa”.
Um morador, vizinho da região onde a lagoa está situada, afirma que quando voltava do trabalho presenciou um carro estacionado na margem da lagoa, enquanto três homens amarravam uma grande pedra nas pernas de uma pessoa que parecia estar desacordada. “Eu, assim que vi a movimentação, pensei em voltar, mas decidir seguir e quando passei bem em frente a eles me arrepiei todo, repreendi em nome de Jesus e segui meu caminho”
São inúmeros os depoimentos que sustentam a suspeita de que a lagoa abriga um grande cemitério submerso.
O Coletivo de Entidades Negras vai protocolar na Superintendência de Direitos Humanos da Secretaria de Justiça, documento contendo falas e depoimentos de moradores e pedir que se faça uma investigação dos fatos.
“Muitas famílias choram até hoje o desaparecimento de seus entes. Não podemos duvidar de nada, e se há uma esperança para que essas mães possam dormir em paz, acredito que o Estado tem a obrigação de investigar e dá respostas a sociedade”, diz o texto original de Ricardo Andrade.