Foto: Tácio Moreira/Metropress
A comodidade das grandes barracas de praia de Lauro de Freitas, que oferecem até espaços para shows, está com os dias contados. O projeto de revitalização, apresentado pela Prefeitura após a Justiça determinar a demolição de 58 estruturas que estavam na faixa de areia, prevê a padronização dos equipamentos.
O projeto prevê, no primeiro momento, a construção de 11 barracas em Ipitanga e uma pista de ciclismo de 60 km. Numa segunda etapa, segundo a prefeita Moema Gramacho (PT), serão construídas oito barracas em Vilas do Atlântico e mais 39 em Buraquinho. “Apresentamos o projeto executivo para a orla de Ipitanga, para que houvesse apreciação. Sendo aprovado, a gente vai replicá-lo para Buraquinho, só fazendo a adequação. Em Vilas, temos uma outra conformação, mas aproveitaríamos o projeto arquitetônico numa proposta menor, porque Vilas tem menos barracas”, explicou a prefeita.
Passado de problemas
Salvador viveu anos de agonia por causa de um projeto semelhante. Na administração de João Henrique Carneiro, o que seria a revitalização das barracas esbarrou em uma longa batalha judicial, que culminou na derrubada dos antigos quiosques e em mais de cinco anos sem qualquer instalação nas areias da capital baiana. Desde então, ir à praia nunca mais foi a mesma coisa em Salvador. Lauro de Freitas vai correr este risco?
Projeto prevê derrubada só depois das novas barracas prontas
A prefeita Moema Gramacho afirmou que tenta não cometer os mesmos erros de Salvador na revitalização das barracas de praia. “Apresentamos o projeto, e o juiz designou uma comissão de peritos para apreciar. Se esse parecer for favorável, nós podemos licitar já a partir do momento que ele disser que aprovou. A minha proposta é primeiro fazer, para depois demolir, porque, senão, acontece como Salvador: derrubou e ficou todo mundo a ver navios”, disse. Segundo a prefeita, os equipamentos vão ficar fora da areia, “respeitando a linha de maré”.
Mudanças têm aval dos grandes barraqueiros
Vitor Lemos é presidente da Associação dos Barraqueiros de Vilas do Atlântico e comanda a barraca Araruama, uma das maiores da região, com cerca de 140m². De acordo com ele, os proprietários dos grandes equipamentos aprovam o projeto, mesmo que tenham que mudar de local e trabalhar em uma barraca bem menor.
“O espaço a gente consegue adaptar com equipamentos mais modernos. Você consegue ter um espaço menor sem perder a qualidade. Nós queremos continuar na área trabalhando, mantendo nossos funcionários”, disse.
Moradores cobram melhoria sanitária
Os moradores de Lauro de Freitas, por sua vez, cobram uma solução para a falta de esgotamento adequado na orla. “Lauro de Freitas tem um grande problema, que é a falta de saneamento básico. Como você quer desenvolver uma infraestrutura de turismo se você não tem esgoto?”, questionou Márcio Costa, coordenador-geral da Sociedade Amigos do Loteamento de Vilas do Atlântico.
“Turista grande não vem”
Barraqueiro há 27 anos na praia de Ipitanga, Nivaldo Alves torce para que o projeto traga turistas a Lauro. “Acho que vai ser bom para a gente. Só de pensar em conseguir um quiosque… Se dependesse de turistas, passaríamos dificuldade. O turista grande não vem aqui. Com uma coisa melhor, tenho certeza que melhora”, afirmou.
O projeto da orla de Ipitanga tem três módulos, cada um com dez barracas. “Tem ainda área de esporte com quadras, parque infantil, ciclovias, área de convivência e os banheiros atrás dos módulos, com esgotamento adequado”, explica Moema.