Detentos têm oportunidade de aprender uma profissão
Em São Paulo e na Bahia, detentos têm a oportunidade de aprender uma profissão para desenvolver habilidades e utilizá-las fora da prisão.
O programa social Universal nos Presídios (UNP) oferece gratuitamente cursos profissionalizantes aos presos com início neste mês de junho e duração até setembro. O objetivo é que eles consigam uma qualificação para que possam se inserir no mercado de trabalho depois de cumprirem a pena.
No Conjunto Penal de Lauro de Freitas, na Bahia, os presos receberam aulas de Hair Designer. Foram 240 horas para que eles aprendam técnicas como da tricologia (que analisa o fio de cabelo), da colorimetria (estudo das cores naturais dos cabelos), do visagismo e design de corte, entre outras.
“O valor deste curso que nós vamos oferecemos de graça para os internos é de no mínimo R$ 7 mil, porque inclui conhecimentos de academias renomadas”, explicou o professor Rafael Cerqueira. “O nosso objetivo é que os detentos, ao saírem da prisão, consigam um emprego ou tenham uma renda como autônomo neste ramo da beleza, que está sempre em alta.”
Em São Paulo, no CPP Feminino Dra. Marina Marigo Cardoso de Oliveira, as presas tiveram quatro meses de aulas, onde aprenderão técnicas de cortes de cabelo feminino e masculino, escova simples, escova progressiva, chapinha, tintura e luzes.
Lei descumprida
Embora a Lei de Execução Penal 7.210/1984 tenha por objetivo proporcionar ao condenado o cumprimento da sentença e a reintegração na sociedade, o tempo em que o preso passa na cadeia é desperdiçado.
No Brasil, apenas 12% dos encarcerados participam de atividades educacionais e 15% trabalham, de acordo com Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen) de 2014.
Sem qualificação e com antecedentes criminais, o ex-preso encontra dificuldade e preconceito para achar um emprego de carteira assinada.
Segundo o coordenador do programa social UNP, Eduardo Guilherme, o interno muitas vezes não é bem aceito pela família e principalmente pela sociedade, mas esta é uma realidade que precisa mudar.
“As pessoas acham que, por ter cometido um crime uma vez, ele será sempre criminoso. Mas não podemos pensar assim, temos que dar uma nova chance para que esta pessoa se reintegre à sociedade. Com o auxílio que oferecemos, recuperamos cada vez mais presos. No ano passado, por exemplo, ressocializamos mais de 7 mil detentos”, declarou Eduardo Guilherme.
A Universal nos Presídios existe há mais de 30 anos e desenvolve trabalhos em 1.299 unidades prisionais em todo o Brasil. Mais de 500 mil detentos e os familiares deles, agentes penitenciários e demais funcionários recebem amparo do grupo.
São oferecidos cursos, palestras, atendimento médico, odontológico e jurídico, café da manhã na porta das unidades para os familiares que visitam os presos, cestas básicas, livros e informativos.