Dois presos identificados como Lucas de Sousa dos Santos e Sérgio Murilo são suspeitos de tentar atacar policiais penais usando uma foice, na Unidade de Apoio Prisional, que fica em Altos, a 35 km de Teresina, na noite desse sábado (4).
Os dois presos estão no local, antes chamado de hospital penitenciário, porque estão com Covid-19 e queriam fugir da unidade. A Secretaria de Justiça informou que um dos presos ficou ferido e recebeu atendimento médico.
O segundo vice-presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Piauí (Sinpoljuspi), José Roberto Pereira, disse ao G1 que o preso identificado como Lucas conseguiu arrombar a cela onde estava isolado e entrou em uma sala de apoio do local, onde ficam materiais de manutenção e limpeza, incluindo foices e enxadas. A Sejus confirmou a informação.
“Ele pegou a foice, arrombou outra cela, onde estava o outro preso também com Covid-19 e os dois foram em direção aos agentes. Nesse momento, foram feitos disparos de elastômero [bala de borracha], e Lucas foi atingido no braço, ficando ferido”, disse.
“A gente ia soltar quem a gente conhecia. Sair daqui e procurar ajuda, porque aqui não é lugar de gente, não. O sistema é para prender o preso e reeducar, aqui a gente é bicho, tratado como animal”, diz um deles.
O outro fala: “Por mim, eu estava no presídio”.
Sindicato diz que estrutura é precária e que agentes arriscaram a vida
Segundo Pereira, o local tem estrutura precária, e o preso conseguiu arrombar a cela em que estava sem ajuda de nenhum material, devido à fragilidade do lugar. Com a foice, arrombou a cela onde estava o colega.
Ele relatou ainda que havia três policiais penais no local no momento da tentativa de fuga. Na UAP, há 26 detentos. O local recebe presos que tiveram que ser retirados do sistema prisional comum por problemas de saúde. Cinco, dos 26, estão com Covid-19, de acordo com Pereira.
Esses agentes tiveram um ato heróico, arriscaram a própria vida. Dos três que estavam lá, dois já têm mais de 60 anos e o terceiro, mais jovem, tem um problema de saúde, então todos são do grupo de risco para Covid-19. Além disso, arriscaram a vida para evitar essa fuga, sendo apenas três agentes e os presos tentando soltar outros detentos”, contou.
Ele destacou ainda que o local, embora receba presos com algum problema de saúde, não tinha profissionais para atendimento do preso ferido. Os agentes tiveram que acionar servidores de fora da unidade para que pedissem uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência para transportar o preso. Ele foi atendido no local e depois levado ao Hospital de Urgência de Teresina.