Presidente da União de Vereadores da Bahia (UVB), a vereadora de Serrinha Edylene Ferreira (PR) encara com otimismo o futuro da entidade, para a qual foi eleita em abril de 2017. Em entrevista ao BNews, ela conta que, desde o início do mandato, já visitou mais de 250 cidades, reafirma o pleito por uma sede própria e cobra que o governador Rui Costa (PT) inclua em sua agenda o atendimento a vereadores. Sobre seu futuro político, Edylene garante que não trabalha para pavimentar uma candidatura a deputada estadual, mas não descarta entrar na disputa. Ainda nesta entrevista, a gestora revela insatisfações com seu atual partido, o PR, e diz que tem conversado com outras legendas.
BNews – Como você avalia esse primeiro ano à frente da UVB?
Edylene Ferreira – Foi um desafio muito grande ganhar a eleição. Sou a primeira mulher a assumir a entidade, então isso já, de cara, era um desafio. Em todos os estados brasileiros existia uma entidade que representava muito bem os vereadores, e na Bahia não acontecia isso. A UVB já existia, mas estava praticamente desativada. Tivemos presidente que vestiu a camisa, mas tivemos outros que não conseguiram avançar. Outro desafio meu foi tirar a inadimplência da entidade. A UVB ainda deve mais de R$90 mil em impostos porque os outros presidentes não fizeram prestação de contas. Procurei o Tribunal de Contas, que nos deu um parecer de legalidade, mas fui em busca de liquidar os impostos. Só agora em dezembro conseguimos destravar isso, fizemos alguns parcelamentos.
BNews – Quantos municípios você visitou desde o início do mandato?
Edylene Ferreira – Visitamos mais de 250 cidades, mostrando o que é a União dos Vereadores da Bahia, levando a mensagem de fortalecimento da União dos Vereadores da Bahia. Temos todas as entidades muito bem representadas, a UPB, que é dos prefeitos, a OAB, dos advogados, e por que não ter uma entidade para representar os vereadores? O vereador não passa por curso de capacitação, e isso nós sentimos muito isso. Tem muitos vereadores que não têm muita noção do que estão fazendo ali, não sabem como é o processo legislativo, desconhecem o regimento interno, desconhecem sua própria lei orgânica… Então estamos fazendo cursos de capacitação para que os vereadores se sintam à vontade, confortáveis e confiantes. Queremos a independência do Poder Legislativo.
Além da inadimplência, que conseguimos tirar, fizemos uma parceria com o Tribunal de Contas dos Municípios, que é o nosso órgão julgador. Fiz um ofício e estive com o assessor do governador Rui Costa, que precisa se aproximar mais de vereador. Existe um sentimento muito grande de que o governo do Estado não atende vereador. Atende prefeito, mas não atende vereador. Se o prefeito traz o vereador, ele traz os vereadores da situação. E os da oposição, como atende? Estive com o presidente da Alba, Angelo Coronel, e solicitei a ele uma sala para vereador, para que ele venha a Salvador e se sinta à vontade, com assessoria jurídica, sem precisar estar na sala do deputado.
BNews – Essa capacitação também pode melhorar a atuação dos presidentes de câmaras, principalmente no quesito prestação de contas?
Edylene Ferreira – Muito. Tivemos um encontro de presidentes de câmara, na Assembleia, vieram quase 300 presidentes. Ninguém quer ter suas contas rejeitadas, tentamos ao máximo acertar. Estamos vivendo um momento de crise, e tenho percebido que os vereadores têm buscado se aprimorar, de mostrar para a população que eles estão fazendo a diferença.
BNews – Como funciona o processo de filiação à UVB?
Edylene Ferreira – O primeiro estatuto limitava que o vereador fizesse a filiação sozinho. Só presidente poderia aderir e os outros vereadores também. Fizemos um encontro grande, com mais de 16 câmaras, e modificamos o estatuto para permitir que o vereador se filie independente do presidente. A filiação dá direito a uma carteira. Temos uma rede hoteleira e curso de capacitação, e com essa carteira ele tem descontos. Estamos tentando buscar passe de ônibus, enfim, o que tem no município dele.
BNews – Como avalia a atual gestão municipal de Serrinha?
Edylene Ferreira – Fui oposição na eleição de Serrinha, Adriano Lima [atual prefeito] é meu colega. Apoiamos o meu sogro, Ferreirinha, que foi prefeito duas vezes, e tivemos 18 mil votos. Perdemos a eleição, foi uma eleição dura porque fomos traídos. O nosso vice foi do PT, e infelizmente o prefeito da época, que também era do PT, não nos acompanhou, enquanto várias pessoas do PT continuaram conosco. Mas eu esperava que a administração de Adriano estivesse melhor, até porque ele queria ser prefeito há mais tempo. Então achei que ele fosse modificar várias coisas, mas não parece que não tem prefeito na cidade. Você não vê uma escola pintada. Costumo dizer que sou oposição partidária, mas não sou oposição ao prefeito que trabalha. Então ele tem o meu aval no momento em que ele colocar projetos para cidades. Teve um projeto que ele colocou agora que aumentou o IPTU em 70%. Pedi aos vereadores que não votassem, mas somos minoria.
BNews – Qual a sua opinião sobre a possível extinção do TCM?
Edylene Ferreira – O que o Tribunal precisa é ser um órgão mais facilitador. Não tem por que ser tão engessado. Todas as dúvidas vamos tirar com quem sabe. Que seja mais flexível. É isso que peço a um órgão público, um trato melhor. Mas o Tribunal de Contas é um órgão importantíssimo, mas facilitando e orientando melhor. Não tive dificuldade, porque tive uma equipe que me auxiliou bem. Acho que não deveria extinguir, temos outras economias aí.
BNews – A UVB pleiteia uma sede junto ao governo do Estado…
Edylene Ferreira – Pedimos ao prefeito ACM Neto que ceda uma casa desativada para que o vereador tenha uma casa na capital. Mas a minha demanda com o governador é que a entidade tenha sede própria. Assim como a UPB tem, a OAB… Lá no CAB tem terreno, o governador poderia sinalizar isso para nós.
Eu queria deixar claro que a UVB está aberta a doações, aberta para que as pessoas se sintam à vontade. Quando falo do presidente Angelo Coronel, parece que estamos fazendo propaganda só para ele, mas foi quem de fato entendeu que valia a pena dar uma sala para o vereador. Mas fizemos essa solicitação também ao prefeito ACM Neto e ao governador. No momento em que alguém entender que vale a pena valorizar o vereador, vamos fazer a mesma propaganda. Hora nenhuma digo que a entidade tem seu lado. Mas claro que as pessoas que estão nos ajudando estamos dando maior valorização.
BNews – Como avalia a gestão do governador Rui Costa?
Edylene Ferreira – O governo do Estado está muito bem. Claro que precisa melhorar, principalmente na saúde. Temos uma regulação que é um ‘mata-mata’. Temos pacientes de todo o Estado precisando de leitos, precisamos pensar muito mais. A população está envelhecendo. Mas o governador é mais administrador do que político. Ele tem feito um bom trabalho e chega bem. E tem uma pessoa que admiramos muito ao lado dele, que é o senador Otto Alencar. Ele gosta muito de participar, vai aos municípios, e isso ajuda muito. Costumo dizer que o senador é o fiel dessa balança. Apesar de todo o seu trabalho em Brasília, ele é presente. Rui só precisa melhorar o atendimento com vereador, já conversei com Josias Gomes sobre isso. Sei que é difícil ele atender todos os vereadores, mas pode conversar com a entidade.
BNews – Quais seus planos para seu futuro político? Tem planos para candidatura a deputada?
Edylene Ferreira – Eu não tinha pensado em ser candidata a deputada, mas muitos vereadores estão me pedindo isso. Não darei essa resposta agora, porque a minha maior vontade agora é essa valorização da entidade. Mas se lá na frente os vereadores realmente quiserem, serei candidata. Vou esperar para abril, e pelo que estou sentido tenho tido bastante apoio.
BNews – E quanto ao seu futuro partidário?
Edylene Ferreira – Eu me elegi em primeiro momento pelo PV, hoje estou no PR. Já tive vários convites de outros partidos. Eu digo que o PR abandona seus filiados. É importante ter uma família dentro do partido, mais discussões, mais valorização. Quando um vereador se elege por um partido ele quer um pouco de atenção. Eu tenho uma ligação muito grande com Angelo Coronel, fui chamada para fazer parte do PSD. Tenho convite do Solidariedade, do Democratas… Mas vamos ver qual o melhor caminho.