Candidato a presidência da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), o deputado Luiz Augusto (PP) afirma que o acordo feito entre o seu partido e o PSD irá até o fim. Segundo ele, o apoio mútuo está costurado.
“Se der Coronel, sou o primeiro a aceitar. Se der o meu nome, tenho certeza que ele vai aceitar. Vou trabalhar a minha base para ela ficar unida, para que não tenha dúvida”, afirmou.
Ainda de acordo com o pepista, o governador Rui Costa (PT) não está interferindo na disputa. “Justiça seja feita, não conheço ninguém que Rui tenha dito preferência de candidato. Ele até agora não interferiu em nada”, garante.
Para Augusto, a fase de “candidatura única” – tese defendida por Rui – já passou. “Achar um que agrade todo mundo, está difícil. Falei com ele: quer consenso? Coloca Nilo pra desistir pra Coronel que eu também desisto”, sinalizou.
O senhor é candidato à presidência da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) e eu queria saber como surgiu essa candidatura. Como foi esse processo?
Olha, todo mundo conversa na assembleia. Então, eu tenho amizade de todos os lados e eu ouvia aquela coisa “novamente Marcelo?”. As pessoas se perguntavam se ele não poderia escolher outra pessoa – e eu era dessa tese também, que tivesse uma saída honrosa. Quando me coloquei como candidato não era para ser contra isso ou aquilo, mas dizer que tem outra opção. Ele quase sempre foi candidato único e dentro do próprio governo e da oposição, entre os deputados, a quantidades de pessoas pedindo outro nome era grande. Comecei a contabilizar os nomes e vi que tinha mais de 32 pedindo isso. Eu lancei a candidatura e perguntei se as pessoas topavam me apoiar. Grande parte me apoiou. Antes disso, fui ao governador e ouvi dele que ele não iria interferir na disputa. Encontrei ele uma semana depois e ouvi a mesma coisa. Comecei a construir a candidatura, depois surgiu o nome de Coronel e quando vi que surgiu, seriam o PP e o PSD, fui a ele e conversei. Disse que estava entrando para ganhar. Se tivesse uma divisão, não teríamos chance de ganhar, pois não há segundo turno na Assembleia. Então, tinha que ser nós dois juntos e sair um nome para dar chance de ganhar. Quer queira, quer não, a assembleia tem uma estrutura. Dizem que 90% dela serve ao presidente e os outros 10% aos deputados. Dizem, mas não sei essa conta. Se for isto, está na hora de nós deputados participarmos da assembleia, já que somos 63. A estrutura tem que servir para a democracia, para que todos sirvam à Bahia. Coronel chegou nesse mesmo sentido e a campanha foi ganhando corpo.
Como é a relação do senhor com Nilo? Vocês já tiveram pequenos embates no plenário…
Claro. Quando ele queria atropelar o regimento, que ele inventava um regimento, eu sempre fui contra. Sempre fui daquilo que está escrito. Aquilo é uma casa de leis, tem regimento, tem que cumprir. Não pode seguir de um jeito hoje e depois de outro apenas para servir a alguma pessoa. Ele quer agradar o governador, usa o regimento a seu favor e a fatura depois só quem recebia era ele. Fatura em relação a conseguir uma obra para seu interior, uma estrada, um calçamento na rua. Essas reivindicações acabam ficando todas com eles. Queremos democratizar o máximo possível isso para que não fique na mão de uma pessoa. A quantidade de pessoas que diz que vai votar na gente é grande. As pessoas dizem que vão votar nele, pois ele tem dez anos lá, já fez um par de favores… se não fizer um favor lá em dez anos… eu já votei nele cinco vezes, já fiz um grande favor a ele. Agora quero que ele retribua esse favor.
O PP é um partido enorme aqui na Bahia. Tem o vice-governador, secretarias, diretorias… a eleição do senhor para a presidência é um projeto prioritário do PP?
Hoje, sim. Hoje o próprio Leão declarou que querem me fazer presidente. Agora, há um acordo com o PSD e vamos cumprir. Se for Coronel, vamos apoiar. Se for eu, serei apoiado. Se o escolhido for Coronel, vou trabalhar como se fosse eu. Acordo é feito para cumprir.
O senhor e Coronel tem um acordo, como o senhor mesmo falou. Quando vocês vão sentar para definir quem será o candidato?
Estamos arrumando os critérios. Quem agrega mais? Quem agrega mais no geral? Essa é a conta que tem que ser feita. Se der Coronel, sou o primeiro a aceitar. Se der o meu nome, tenho certeza que ele vai aceitar. Vou trabalhar a minha base para ela ficar unida, para que não tenha dúvida. Hoje, o que está acontecendo é que Nilo liga para os deputados do PSD e perguntam se eles vão continuar comigo se Coronel desistir. Faz o mesmo com o PP.
O senhor acha que o PP vota em bloco?
Sim, vota todo unido. Estamos fazendo um documento com a assinatura de todos os deputados para mostrar que os 12 deputados do PP e PSD estão unidos. Para mostrar isso, vamos assinar esse documento. Quem levar na frente, um vai seguir o outro.
O senhor falou mais cedo de um compromisso do governador de não interferir no processo. Agora, ele já diz que tem conversado buscando candidatura única. Ele tem interferido nessa escolha?
Não. Ontem estive com ele e conversamos. Ele ponderou sobre a candidatura única e eu disse que o tempo já passou. Dificilmente eu vou aceitar ou os três vão aceitar que apareça um nome agora de consenso. Não vai aparecer. O governador não vai impor um nome, pois pode deixar mágoa. Do jeito que está, não vai ter mágoa. Se ele não pedir para mim, nem para Coronel e nem para Marcelo, não tem mágoa. Justiça seja feita, não conheço ninguém que Rui tenha dito preferência de candidato. Ele até agora não interferiu em nada. Essa fase de candidatura única passou. Achar um que agrade todo mundo, está difícil. Falei com ele: quer consenso? Coloca Nilo pra desistir pra Coronel que eu também desisto. Não tinha problema nenhum.
O senhor tem falado aí do apoio do governo, mas a oposição tem aí um papel importante na disputa. Já conversou com Neto, Bruno Reis, deputados da oposição?
Já, já conversei com Neto, com Bruno Reis e com todos os deputados da oposição. Primeiro falei com eles. No início do processo tinha pedido ao líder do PT para não fechar questão sobre a disputa, para não dar indicação. Por que? Eu teria votos de amigos do PT. De deputados que se manifestaram que não queria a reeleição, que iriam entrar na justiça contra Marcelo, chegaram a discursar na tribuna contra reeleição, essas pessoas estavam também comigo. E aconteceu do partido indicar que prefere ficar com Marcelo. Mas, o que acontece? Eu acho que aconteceu, pois na eleição passada eles ficaram fora da mesa. O que é o resultado prático disso? Em todas as eleições, exceto a que Elmar participou, eles sempre colaram logo em Marcelo para garantir o lugar na mesa. Acho que isso não deu muito certo agora, pois as outras candidaturas ganharam corpo. A oposição vai ser fiel da balança, como foi em todas as eleições passadas. Eu falei isso para o governador.
Se no dia 1º de fevereiro o senhor for presidente da Assembleia, qual será sua primeira atitude?
Olha, a primeira coisa que tem que fazer é conhecer a estrutura da Assembleia. Não posso chegar lá e dar uma canetada e depois revogar o que eu fiz. Gosto de fazer as coisas pensadas. Quero tentar erra o menos possível. Fazer com que a Casa fique satisfeita, que a gente possa trabalhar, tentar economizar naquilo que eu puder, o país pede isso, o Executivo está apertando o cinto. O orçamento geral a gente sabe, mas não conhece os pormenores. É diferente de uma prefeitura que você tem o período de transição, que você conhece como está mais ou menos a prefeitura e prepara ações de imediato. Juntar a Mesa Diretora, muita coisa que mexer com todo mundo, discutir com a Mesa. Acho que isso vou tentar democratizar.
Deputado, muito se fala que essa disputa da AL-BA pode interferir na eleição de 2018, que se desenha entre Rui e Neto?
Não acredito. Rui não está interferindo na eleição, todos os candidatos são da base. Não vejo correlação. Se a oposição pender para um lado, não significa muita coisa. Em todos os anos aconteceu o mesmo. Se a oposição tivesse um nome e o governo outro e, na votação secreta, o resultado fosse diferente, poderia sinalizar algo. Mas não vejo uma espécie de transporte de importância para 2018.
Fonte : Bocão News