Foto: Felipe Rau / Estadão
Cinco correntes diferentes do PT se reuniram neste sábado (3) em Brasília, em um congresso para discutir alternativas e a troca do comando do partido. Sob o nome de “Muda PT”, as correntes buscam a renovação da direção partidária e uma resposta direta à corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), que está à frente do partido atualmente. O evento é voltado principalmente para a militância, que organizou mesas de debate. Mas também contou com a participação de lideranças como o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário Miguel Rossetto, além dos deputados Paulo Pimenta (RS) e Henrique Fontana (RS) e do senador Lindbergh Farias (RJ). O congresso começou no dia anterior, quando também estiveram presentes o ex-senador Eduardo Suplicy, um dos fundadores do PT, o ex-governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra, o ex-ministro do governo Dilma Ricardo Berzoini, entre outros deputados e senadores. Um dos principais nomes do movimento, Tarso Genro, que chamava a iniciativa de “refundação do PT”, brincou com a necessidade de mudança. “Gostava muito da expressão “refundação”, agora estou mais moderado. Vou falar em “reforma” do nosso partido”, disse. “O que nos falta é fazer um recorte adequado da estrutura de classe brasileira e verificar quais setores podem formar um novo bloco social e político, muito diferente daquilo que nos manteve politicamente no governo Lula e radicalmente diferente do que foi no governo Dilma”, afirmou o ex-governador. Após sofrer com o impeachment, a rejeição pública e o mau resultado nas urnas nas últimas eleições municipais, os participantes do “Muda PT” avaliam que o partido errou em alguns momentos e perdeu o diálogo com sua base. Eles procuram uma reformulação para que a legenda possa se recolocar no ambiente político, sem perder de vista pautas antigas, voltadas para os movimentos sociais e o trabalhador. Na análise do deputado Paulo Pimenta, o PT abriu mão de temas que estiveram na construção do partido com a expectativa de formar uma coalizão governista. “Deixamos de lado pautas como a demarcação das terras indígenas para não brigar com a bancada ruralista, não avançamos na reforma agrária por causa da base parlamentar, não criminalizamos a homofobia por causa da bancada evangélica. Essa compreensão nos enfraqueceu com a nossa própria base, que perdeu a identificação com nosso discurso”, explica. O PT planeja eleições para mudança da direção do partido no primeiro semestre de 2017. Pressionados por uma reformulação, os diretórios estaduais já devem aderir a uma nova forma de eleição, em que os candidatos não poderão lançar suas candidaturas antes dos congressos partidários. Toda a campanha e eleição devem acontecer dentro dos eventos, sem candidaturas precipitadas. Dessa forma, integrantes do grupo “Muda PT” acreditam que será possível ter mais alternância na direção do partido. A maior força interna do PT atualmente, a CNB, discorda das mudanças. Integrantes do “Muda PT” argumentam que, embora seja o líder da CNB, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem defendido internamente a renovação da direção partidária em todos os seus níveis.