O bom do futebol é que ele sempre arranca as calças e deixa nu até o mais asséptico dos precavidos. Nesses tempos de pandemia, sem torcida e com muitos vetos, então.
Nesta terça-feira (22) teremos, pela Libertadores, o lanterna Barcelona de Guayaquil contra o Flamengo, e também a LDU enfrentando o São Paulo. Os dois estrangeiros em casa.
Por circunstâncias distintas, estão os dois, muito antes do que qualquer um imaginava, jogando os jogos de suas vidas na Liberta neste confuso 2020. Iremos por ordem de entrada em campo.
O Flamengo, no Grupo A, enfrentará, às 19h15 (horário de Brasília), o lanterna de seu grupo, o Barcelona de Guayaquil, zero ponto até agora.
Há semanas se percebe que as entradas do Flamengo em campo são questões absolutamente aleatórias. Em função das peças que possui, pode fazer um bom jogo se três ou quatro delas estiverem inspiradas.
Foi assim no Brasileiro, quando ganhou quatro seguidas por obra absoluta dos talentos individuais e da decisão divina de fazer com que três ou quatro desses caras jogassem bem no mesmo dia. Aleatoriamente.
O catalão Dome Torrent ainda não se localizou sequer a respeito de que ponto do mundo está, ainda mais em relação a treinar, ainda sem cheiro de torcida, um time dessa dimensão. Na sua “filosofia” de totó, não conseguiu fazer-se entender no grupo. Tudo de 2019 foi destruído e nada foi colocado no lugar.
Junior Barranquilla, terceiro colocado no grupo rubro-negro, não está morto. E a possibilidade desse time do Flamengo não passar de novo da fase de grupos, se não é total, é real.
Mas, ainda que passe, nessa aleatoriedade com que vive desde que esse catalão chegou, é perfeitamente possível – aliás até realista – que tome outra pancada irrecuperável nesta terça, ou depois nos primeiros matas-matas, e aí o barraco desabe de vez.
E o São Paulo, que enfrentará a líder LDU na casa dos caras, pelo grupo D, às 21h30?
O tricolor não contava neste grupo com a astúcia da LDU. O time equatoriano vem jogando uma bola redondinha. Lidera, com seis pontos, um grupo que tem o próprio Sampa e – apenas – o River, vice-líder com quatro.
Se o São Paulo apenas empatar, a situação começa a embaçar. Será muito difícil pegar um dois dois caras, sobretudo porque a próxima partida será na Argentina. Contra o River. Apenas.
Quanto ao rubro-negro, campeão no ano passado com um futebol que encantou a América Latina e o mundo, talvez seja desnecessária a explicação
Dome dá todas as pintas de que não conseguirá reverter esse cenário. Pode conseguir, mas hoje até ele próprio deve achar difícil. Nenhum sinal dá indício, ao menos por enquanto, de que isso poderá ser verdade.
Enfim, uma “super” terça-feira, muito mais para possíveis mortos do que para possíveis feridos, surpreendendo geral e antecipando muita coisa aparentemente impossível de ter sido imaginada até o início do ano.