Depoimentos carregados de emoção e revolta marcaram a audiência pública sobre acessibilidade e gratuidade no transporte público laurofreitense, realizada pelo Movimento Municipal da Pessoa com Deficiência de Lauro de Freitas (MMPcDLF), na manhã desta quarta-feira (23), no auditório da faculdade Unime, na Avenida Luiz Tarquínio, que teve como tema: “Acessibilidade e gratuidade no transporte público de Lauro de Freitas”.
Membros de associações e conselhos de proteção ao idoso e de outras pessoas com mobilidade reduzida denunciaram maus tratos, ameaças e até violência, que segundo eles, foram cometidas por cobradores e motoristas de micro-ônibus da cooperativa Translauf. Entre as reclamações, está a negação ao direito de gratuidade dos idoso e de pessoas com deficiência, por parte de alguns operários deste sistema complementar.
Em 2010 o IBGE registrou 43 mil pessoas com deficiência e 16 mil idosos em Lauro de Freitas. Estimativas da MMPcDLF apontam que estes números já tenham aumentado significativamente, impactando nas necessidades desse público nos transportes de passageiros no município.
Sobre a Cooperativa
A Translauf é uma cooperativa de transportes complementares composta por cerca de 115 micro-ônibus. O sistema funciona sob alvarás de permissão emitidos pela Prefeitura Municipal de Lauro de Freitas (PMLF), através do Departamento de Transportes da Secretaria de Trânsito, Transporte e Ordem Pública (Settop).
Denúncias de usuários do serviço
Entre as denúncias relatadas na audiência, a aposentada Marinalva do Carmo, 61 anos, disse que listou 12 abusos com números de alvarás dos micro-ônibus data e horário, entre julho e outubro deste ano, além de um Boletim de Ocorrência na 27ª Delegacia Territorial do bairro de Itinga, por maus tratos. “Desde os 55 anos que os motoristas passam direto e não param, só por ver meus cabelos brancos. Atualmente com idade correspondente a minha aparência, muitos não param e tenho que pedir a algum jovem para pedir a parada do transporte e ainda assim sou desrespeitada por cobradores e motoristas”, relata.
A idosa, Maria Alaíde Pereira, 66 anos, que mora no bairro do Jambeiro há quatro anos, disse que os maus-tratos são constantes. “Eu sou zingada direto por motorista e cobrador dessa Translauf. Até minha mãe que tinha 80 anos, hoje é falecida, já foi maltratada. Sem contar que eles falam pornografias na nossa frente. Já fui colocada para fora do transporte mesmo mostrando documentos de passe livre e quando aceitam meu passe, o cobrador me pede moedas. A última vez eu disse que só pagaria passagem na delegacia, porque eles queriam me forçar a pagar”, relata.
Encaminhamentos
Na oportunidade foi lida e aprovada em assembleia, uma moção solicitando uma licitação pública para o serviço de transporte de passageiros no município e outra solicitando a integração entre a sociedade civil e governos, na tomada de decisões relativas ao transporte público e mobilidade no município. As moções serão encaminhadas aos órgãos responsáveis.
O relatório da audiência desta quarta-feira (23) e duas moções serão encaminhada a nova prefeita de Lauro de Freitas (PMLF), Moema Gramacho e ao Ministério Público. Foi proposta uma nova audiência sobre o mesmo assunto, para março de 2017.
A audiência teve o apoio da Secretaria de Trânsito, Transporte e Ordem Pública (Settop), através da Superintendência de Trânsito, Departamento de Transportes e a Coordenação de Passes Livres e Credenciamento de Estacionamento. Estiveram presentes, o secretário da Settop, Gilmar Oliveira; a secretária Municipal de Planejamento e Gestão Urbana de Lauro de Freitas Eliana Chaves Marback; a superintendente de Trânsito, Kattya Baptista; o diretor do departamento de Transportes, Jailson Oliveira; agentes de trânsito da Settop, do capitão Ronei representando o comandante da 52ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), major Fabrício Oliveira e o capitão Felipe Ferreira, representando o comandante da 81ª (CIPM), major Sérgio Dias, além de representantes do legislativo municipal e da sociedade civil.
Fonte: Settop-PMLF