Pelas mãos de quem mantém viva as tradições dos cultos de matriz africana, a fé e resistência serão renovadas nas águas de Buraquinho em Lauro de Freitas no dia 2 fevereiro, dia de Kaiala para o povo de origem Bantu, ou Iemanjá, rainha do mar, também conhecida por dona Janaína, Inaê, Princesa de Aiocá e Maria, no paralelismo com a religião católica.
No encontro do rio com o mar de Buraquinho, a programação será aberta com alvorada de fogos, às 6h, segue com o recebimento dos presentes durante toda a manhã, na sede da Colônia de Pescadores, informa a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (SECULT) que organiza a festa em parceria com os terreiros. Às 13h será iniciado o Xiré – ritual em reverência à senhora das águas – e os balaios com os presentes serão embarcados às 14h. Este ano, cinco embarcações oficiais participarão da procissão, cada uma com o suporte de dois salva-vidas.
De acordo com o professor e historiador Gildásio Freitas, os festejos no município foram iniciados há mais de vinte anos, quando pescadores e o povo do axé decidiram homenagear a mãe das águas em Lauro de Freitas por conta da distância e transtornos para levar os presentes até o Rio Vermelho – bairro de Salvador, berço nacional da celebração. “É uma comemoração inspirada nas grandes festas de largo da Bahia e tem crescido ano após ano”, disse.
Terreiros de todos os bairros da cidade se preparam para lançar no mar flores e frutos preparados com dedicação pelos filhos e filhas de santo. A Mameto Kamurici, líder espiritual do Terreiro São Jorge Filhos da Goméia, de Portão, conta que os objetos que compõem o presente são selecionados respeitando as orientações de preservação do meio ambiente marinho. “Optamos por objetos biodegradáveis ou alimentos”, contou.
Kamurici conta que o momento é aguardado o ano inteiro pelo povo do Candomblé. “É hora de agradecer pelo período que se passou e pedir pelo que virá principalmente neste momento em que o país atravessa tanta intolerância. O mar nos dá o alimento e nos inspira. É tempo para renovarmos nossas energias e nos fortalecer”, afirmou. Para o presidente da Colônia de Pescadores Z57, Jorge Luís, o sentimento é semelhante. “Vamos homenagear quem está conosco o ano inteiro e pedir um ano de fartura e paz”, frisou.
Jornalista Giovanna Reyner
Foto Lucas Lins
ASCOM/PMLF
31/01/2019
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