Por Patrus Ananias
A facção governista da Câmara dos Deputados encaminha-se para favorecer uma vez mais, na próxima semana, os interesses antipopulares, antibrasileiros e, ainda, interesses antidemocráticos que estão determinando, nos meses mais recentes, a pauta e o calendário do Legislativo.
Ouvimos aliados do governo Temer no Congresso repetirem, com enorme insistência e vigor, que o Brasil tem pressa e que, por isso, querem votar já, entre outras propostas, a PEC 241 – que, se aprovada, congelará o país por 20 anos; desmontará a saúde, a educação, a assistência social, a agricultura, a Constituição, o estado democrático de direito e o estado brasileiro.
Eles dizem que a PEC vai reduzir o desemprego. Não vai, não. É falácia. A vigência da 241 aumentará o desemprego.
É o caso de perguntar: pressa pra quê e pra quem? O que está evitando o debate sério e aprofundado sobre os terríveis impactos que terá a aprovação da PEC 241 é a pressa dos ricos, a pressa para servir aos donos do dinheiro, para adorar o bezerro de ouro, para submeter o Brasil aos interesses do grande capital, dos colonizadores que, interna e externamente, propõem, reclamam e até exigem ajustes contrários aos interesses nacionais.
Agora, os governistas querem aprovar nesta próxima segunda-feira, no plenário da Câmara, o parecer que impuseram ontem (6) na Comissão Especial e que, para o mal do povo e do país, agrava os efeitos dramáticos que a vigência da PEC 241 produzirá, sobretudo, para a vida dos mais pobres.
A pressa leva a reboque uma nova e deplorável notícia para os brasileiros e as brasileiras: a tropa governista conseguiu a façanha – dificílima, mas não surpreendente – de piorar o projeto original agravando as restrições já propostas para os gastos e os investimentos públicos.
Todos somos a favor do equilíbrio fiscal. Mas o que está se fazendo com a PEC 241 é jogar a criança fora com a água do banho. Não estamos discutindo o interesse nacional; estamos discutindo o interesse do grande capital, especialmente do capital financeiro, dos banqueiros e de seus coligados.
Isto está claríssimo. E, se restasse alguma dúvida a alguém sobre os grandes interessados pela PEC 241, o noticiário dos últimos dias seria suficiente para esclarecer. As maiores confederações empresariais do país estão bancando campanha publicitária pela aprovação da PEC e, informa a mídia, se articularam com Michel Temer para pressionar diretamente os parlamentares a garantirem os votos necessários para a proposta.
Eis aí uma parceria gravemente ameaçadora aos pobres e ao Brasil.
* Patrus Ananias é deputado federal (PT-MG).