A pandemia do novo coronavírus atingiu o crime organizado e está afetando a exportações de drogas. A análise é do professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), Rafael Alcadipani, que é também membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
De acordo co ele, a preocupação com uma possível onda de violência urbana, que vem incomodando empresários donos de redes varejistas.
Segundo ele, em muitos países atingidos pela pandemia, as forças de segurança têm sido acionadas para ajudar nas medidas de restrição de circulação, mas o Brasil precisa estudar uma hipótese mais catastrófica, com saques, arrastões e assaltos a banco.
O especialista prevê novas oportunidades na área de segurança para o setor privado em breve. Segundo o presidente do Sesvesp (sindicato das empresas do setor), João Palhuca, por enquanto, a abordagem é segurança patrimonial, mas algumas empresas estão reduzindo os efetivos de vigilância por causa da queda no faturamento.
O professor da FGV afirma que, assim como aconteceu com a economia formal, o crime organizado também foi severamente abalado pelo coronavírus, o que dificultou as exportações de drogas por causa da restrições na malha de transporte.
Para ele, o impacto no envio de drogas ao exterior deve fazer com que parte do tráfico comece a migrar para outras atividades ilegais. Alcadipani critica a ansiedade geral do mercado pelo fim do isolamento social e compara com a postura do crime organizado diante da ameaça do coronavírus.
“Eles mandaram suspender visitas em presídios e fazer toque de recolher em favelas […]. Até o crime organizado, ironicamente, parece ter mais bom senso do que muitos empresários brasileiros que insistem em querer abreviar a quarentena”, disse. As informações são da coluna Painel, da Folha de S.Paulo.