O terreiro Ilê Axé Icimimó Aganjú Didè denunciou neste fim de semana a ocorrência de mais um ataque ao local. De acordo com babalorixá Pai Duda de Canola, em um vídeo publicado nas redes sociais, um grupo de homens armados invadiu a propriedade do espaço religioso, localizada na zona rural de Cachoeira, na última terça-feira (9), e destruiu toda a cerca de proteção. Além disso, assentamentos sagrados foram depredados durante a ação e tiros teriam sido disparados para o alto.
Segundo o sacerdote, a situação é recorrente, sendo esta a terceira vez que um ataque semelhante acontece dentro de 15 dias. Os autores teriam se identificado como funcionários de uma empresa de papel e celulose da cidade de Santo Amaro, a Penha, que cultiva bambu na região.
Ainda de acordo com o terreiro, um relato de dano ao patrimônio foi enviado à Superintendência do Iphan na Bahia, ao MP-BA, à Defensoria Pública da União, ao Ipac, à Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) e ao Ministério Público Federal (MPF).
Com mais de 100 anos de existência, o Icimimó é tombado pelo Instituto do do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Em 2019, diante das denúncias de ameaças, o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) recomendou à Polícia Militar, que na ocorrência de uma nova invasão, fosse imediatamente ao local para promover as medidas cabíveis.
Em nota, a empresa de papel e celulose negou as acusações de agressão ao patrimônio do terreiro e disse que a área em questão são de propriedade do Grupo Penha, adquiridas em 2005 junto com a antiga Indústria de Papéis da Bahia (IBP). A nota afirma também que o espaço religioso demarcou a propriedade de forma irregular.