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Uma organização de proteção do Rio Joanes quer levar moradores de Salvador e Região Metropolitana para sentir a experiência de estar perto do rio. Mas não para admirar belezas da paisagem natural. A intenção é que os participantes “curtam o efeito negativo” da poluição e degradação, como descreve Caio Marques, integrante da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Rio Limpo. A entidade realiza o ‘Café com o Joanes’ na manhã desta segunda-feira (26) no Riverside Hotel para também debater a necessidade de recuperação do manancial. “Em vez de haver discurso, uma responsabilização, a gente vai deixar que eles [participantes do evento] sofram o impacto que a poluição provocou”, explica Caio. A origem do problema está na barragem colocada ao longo do curso do Joanes e também do Rio Ipitanga. Ao contrário do que determina a lei, elas só permitem a passagem de água quando ela excede a altura do bloqueio e passa por cima da construção. Dessa forma, nos meses de menos chuva a água dificilmente chega até a foz, pois o nível abaixa. “Como as barragens do Ipitanga e do Joanes são de 1950 ou de antes, elas não têm as comportas de liberação de água”, avalia o integrante da Oscip Rio Limpo. Muitas saídas de esgoto, no entanto, ficam além do local onde foram construídas as barragens. Com pouca água para diluir a sujeira, prevalece a sujeira. “É mau cheiro da barragem até a foz. Por isso a praia de Buraquinho é considerada imprópria para banho quase toda semana. Nenhuma barragem pode segurar 100% da água”, destaca Caio. “Não há condição nenhuma de concentrar essa poluição em um leito seco”. Outro agravante está no Polo Industrial de Camaçari e no crescimento populacional da Região Metropolitana de Salvador. Conforme aumenta a demanda por água nas cidades abastecidas pelo Joanes, mais difícil fica para o nível da água superar a altura da barragem, localizada nas proximidades do Hospital Menandro de Farias. Segundo a Oscip Rio Limpo, a captação é tão intensa que a barragem fica seis meses sem deixar passar água. A entidade ambiental já enviou ao Ministério Público Estadual (MPE) uma solicitação para investigar os danos provocados ao meio ambiente e à comunidade que tinha a pesca como fonte de renda. O documento quer que a Embasa e as empresas do Polo Industrial de Camaçari sejam os responsáveis por custear as medidas para redução de impacto ambiental. “Os imóveis ribeirinhos, hotéis, restaurantes, pescadores, marisqueiras, sofrem com a redução da vida nas águas poluídas, com a extinção das atividades de contemplação da natureza, com o mau cheiro das calhas”, justifica o documento, que ainda não teve resposta do MPE. Os candidatos à prefeitura de Lauro de Freitas não foram convidados para o evento para não dar caráter político ao evento, segundo Caio Marques. Devem marcar presença “personalidades que tem um compromisso com o meio ambiente da região”, pontua. “É uma reunião de sensibilização”.