A saída do ministro Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde ainda é objeto de desejo entre pessoas próximas ao presidente Jair Bolsonaro. Nesta quinta-feira (9), o ministro Onyx Lorenzoni (Cidadania), um dos principais aliados do chefe do Executivo, e o ex-ministro Osmar Terra, que tem se aproximado de Bolsonaro, discutiram a permanência de Mandetta no cargo.
A conversa foi obtida pela CNN Brasil, durante ligação para Osmar Terra. De acordo com a reportagem, o jornalista Caio Junqueira telefonou para o deputado às 8h33. Ele atendeu a ligação, não falou nada, nem desligou. Isso permitiu que o diálogo de aproximadamente 14 minutos fosse ouvido.
“Ele não tem compromisso com nada que o Bolsonaro está fazendo”, disse Onyx, de acordo com a publicação. “E ele se acha”, completou Terra.
Os dois aliados de Bolsonaro se referem às recomendações do Ministérios da Saúde, conforme pesquisadores de todo o mundo, sobre a manutenção do distanciamento social ampliado para conter a propagação do novo coronavírus. Jair Bolsonaro, por outro lado, defende que desde agora seja implementado o distanciamento social seletivo, em que apenas grupos de risco sejam mantidos longe de circulação. A medida foi adotada no Reino Unido, mas não deu certo e o país voltou atrás para o distanciamento ampliado.
Durante a conversa, Onyx e Terra criticaram a inércia de Jair Bolsonaro sobre as discordâncias com Mandetta. O ministro da Cidadania chegou a dizer que o “discurso da quarentena permite tudo”. Para ele, Bolsonaro deveria ter arcado com as consequências da demissão.
“Se eu tivesse na cadeira… O que aconteceu na reunião eu não teria segurado, eu teria cortado a cabeça dele”, afirmou, em referência à reunião da última segunda-feira (6) que decidiria o futuro de Mandetta.
Terra incentivou a exoneração do ministro da Saúde. “Eu ajudo, Onyx. E não precisa ser eu o ministro. Tem mais gente que poder ser”, acrescentou ele, de acordo com a CNN Brasil.
Onyx Lorenzoni é filiado ao Democratas, mesmo partido do ministro da Saúde. Já Osmar Terra é deputado federal pelo MDB, e foi exonerado do Ministério da Cidadania para que Bolsonaro pudesse abrigar Onyx, depois de tirá-lo da Casa Civil para colocar o general Braga Netto.