Temos agora, mais do que nunca, possibilidades, sensações, intuições e análises mais frias para avaliar esse segundo turno das eleições na Bahia e em Lauro de Freitas.
E vamos e voltamos ao tempo para entender que o PT da Bahia, se tivesse escolhido uma mulher de renome como nome para candidatura ao governo do Estado, já lá estávamos, vitoriosos, logo no 1° turno. Certeza!
Mas ok, sofrimento pra esquerda é quase bandeira de continuidade e esperança, vamos em frente .
Porém, não posso perder o “time”, nesse meio mês das proximas eleições, e deixar de dizer à cúpula petista que apesar de Jerônimo seguir com mais vantagens que ACM, seu nome foi uma aposta em jogo de “cabra cega”, pois, escantearam toda uma história de votos consolidados, como é o exemplo dos votos de Moema, já eleita deputada federal e vencedora em 4 eleições para prefeita, 4, num eleitorado gigantesco da cidade de Lauro de Freitas, com 157 mil eleitores.
Preferiram aventurar nomes masculinos desconhecidos, do que “feministar” votos tradicionais.
Além disso, a pauta do empoderamento feminino está em alta, e nenhum gênero melhor para dar o tombo de revanche no machismo institucional da política baiana do que a mulher e o nome de mulheres fortes como Moema, Olívia, Alice, Maria , Marta etc…. representando tantas de nós.
Das 63 vagas para deputados estaduais na Bahia, as mulheres só ocuparam 8.
Já entre as 20 vagas ocupadas apenas pela esquerda e centro (PT, PC do B, PV, PSB , Psol e PDT), as mulheres ocuparam 5, e o restante das 43 vagas da direita, somente 3 mulheres ingressaram.
Ou seja, apesar da esquerda ter obtido mais vagas femininas do que a direita, manteve o abismo gigante de diferença entre homens e mulheres eleitas.
Entre federais, o cálculo é muito parecido, num total de 39 deputados eleitos, somente 5 foram mulheres, 3 de esquerda, dos 12 eleitos, e 2 de direita, dos 27.
É preciso, finalmente, que as cúpulas partidárias da esquerda realizem um mergulho histórico e responsável para “dar a vez” e “pedir o voto” nas mulheres, já que as cotas ainda não são suficientes para convencer o eleitor de seus poderes e capacidades em cargos da administração pública.
Os campos de guerra vividos diariamente por essas mulheres participativas da política, necessitam, além de mais reconhecimento pelos eleitores, também reconhecimento por seus correligionários, a fim de subverter a “ordem natural das coisas”, a imagem do homem líder, herói, único detentor da voz, do espaço e do voto.
Shayana Busson é moradora da Itinga, professora e doutoranda UFBA.
É Jerolula13