Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:
É mais do que natural que o presidente Temer convide o ex-presidente FHC, ainda a principal liderança do PSDB, para um almoço no Palácio do Jaburu. Em outros países civilizados, é comum o encontro entre presidentes com seus antecessores para discutirem os rumos do país.
O que mais chamou a atenção, porém, neste primeiro encontro entre os dois após o impeachment, por não ser tão natural nem comum, foi a participação nas conversas do ministro Gilmar Mendes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral.
Entre outros motivos, porque estão nas mãos de Gilmar, aguardando julgamento, cinco ações contra a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer, pedindo a cassação dos dois por supostas irregularidades cometidas na campanha presidencial de 2014. Detalhe: um dos autores destas ações é o PSDB de FHC.
Na versão oficial, Temer convidou FHC para discutir medidas para a recuperação da economia e as próximas votações da PEC do Teto de Gastos na Câmara e no Senado. O que o presidente do TSE tem a ver com isso? Temer e FHC não deram declarações após o almoço. Quem falou com os jornalistas, como soe acontecer, foi o próprio Gilmar Mendes, ao explicar os motivos do encontro:
“Foi uma conversa de velhos amigos. Foi uma conversa geral, uma avaliação do momento. O pessoal está otimista com o bom resultado da eleição, da aprovação da PEC para refazer a situação muito difícil do país”.
Segundo o ministro do STF, o ex-presidente FHC teria dito a Temer que “é preciso ter rumo, as pessoas precisam sentir uma liderança”.
Pelo jeito, o governo ganhou mais um porta-voz.