Na terça-feira, 26 de setembro, a primeira Casa Legislativa do Brasil abriu suas portas novamente ao “povo de Santo” por meio de uma Sessão Especial. A cerimônia aconteceu no Plenário Cosme de Farias da Câmara Municipal de Salvador (CMS) e homenageou Yalorixá Edna de Ósun por seus 50 anos de dedicação ao Candomblé.
A Sessão foi uma oportunidade de ressaltar a atuação de Mãe Edna, uma das pioneiras do Bloco Afro Ilê Ayê e fundadora do Terreiro Ilê Axé Omim Odé Oxê, localizado no bairro da Federação. Proposta e mediada pelo vereador Augusto Vasconcelos (PCdoB), a comemoração destacou a força matriarcal presente nas religiões de matriz africana, através do exemplo de resistência da Yalorixá, que professa sua fé há meio século, enfrentando discriminações baseadas em raça, gênero e religião.
“Você não precisa ser de axé para defender a liberdade de culto e não precisa ser uma pessoa negra para fazer parte da luta antirracista. Você não precisa ser mulher para fazer a luta feminista de defesa de direitos. Você não precisa ser LGBTQIAP+ para fazer a defesa da diversidade. Você não precisa ser uma pessoa com deficiência para defender a luta de inclusão e acessibilidade. Claro que o protagonismo é das pessoas que carregam essas lutas há muitos anos, mas nós podemos apoiar, ajudar e fortalecer no que está ao nosso alcance”, destacou Augusto.
O evento ocorreu na véspera das tradicionais comemorações dos orixás gêmeos Ibejis, sincretizados pelos santos católicos Cosme e Damião, que são realizadas anualmente em 27 de setembro com a distribuição de caruru e doces por todo o estado. A cerimônia contou com a presença do Vovô do Ilê e uma apresentação da “negona malassombrada” Koanza, interpretada por Sulivã Bispo, além de um cortejo afro do Bloco Ilê Ayê.
“É uma pena que nossa religião não seja muito apreciada, porque nossa cultura é linda! Pra mim, é uma gratificação muito grande, é uma alegria muito grande eu dizer que cheguei a cinquenta anos de axé e hoje estar aqui”, disse a Yalorixá.
Além do vereador e da homenageada, participaram da mesa a diretora licenciada do Bloco Ilê Ayê e Ouvidora-geral do Estado da Bahia, Arani Santana; o coordenador da Federação Nacional do Culto Afro-Brasileiro – FENACAB, Babalorixá Lázaro César; o coordenador e coreógrafo do Bando de Teatro Olodum, jurado da Dança dos Famosos, Sr. José Carlos Arandiba (Zebrinha); o membro do Conselho Municipal de Promoção e Defesa dos Direitos LGBTQIAP+, Babalorixá Rubens Damasceno; a Deusa do Ébano do Bloco Ilê Ayê 2019, Edilene Alves; a Diretora artística do Grupo Folclórico da Bahia – Bahia Axé, Fonseca de Xangô; a presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturais, Mãe Márcia de Ogum; e a jornalista Val Benvindo.
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