Em meio a tamanho caos desencadeado por um vírus microscópico, mas com uma força letal tão alta capaz de para o mundo, cientista de quase todas as nações se empenham ao máximo que podem na descoberta de uma vacina que bloqueie a disseminação da doença.
Entre os países engajados nessa batalha está a própria China, de onde o surto veio. Os testes de duas vacinas em humanos já iniciaram. Os medicamentos foram desenvolvidos pela Sinovac Biotech, listada na Nasdaq e sediada em Pequim e pelo Instituto de Produtos Biológicos de Wuhan, uma afiliada do estatal Grupo Farmacêutico Nacional da China.
Em março, a China recebeu autorização para outro teste clínico de um candidato a vacina contra a covid-19 desenvolvido pela Academia de Ciências Médicas Militares da China e pela empresa de biotecnologia CanSino Bio.
Um grupo norte-americano Moderna informou também, que havia iniciado testes em humanos da vacina com os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos. Além dos Cientistas das universidades da Flórida e do Texas e do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos que trabalham em conjunto em busca de um medicamento que bloqueie uma enzima que é a responsável por multiplicar no organismo os efeitos da covid-19. A Florida International University (FIU) anunciou nesta semana que o objetivo da equipe de pesquisadores é descobrir entre os medicamentos já existentes e aprovados nos Estados Unidos quais são mais eficientes para inibir a enzima Topoisomerasa III-ß (TOP3B).
A Itália divulgou há 3 dias que o teste feito da vacina surtiu efeito positivo. A empresa romana Takis Biotech, que conduz os estudos com cinco vacinas, disse que houve uma “forte produção de anticorpos” com uma única dose. Porém, os resultados definitivos são esperados para meados de maio, e os testes em humanos podem começar a partir de setembro.
A ironia dessa situação é que já existiam pesquisas sobre uma vacina contra síndromes respiratórias, quando houve um surto de Sars em 2002, que surgiu na Província chinesa de Guangzhou. Em alguns meses, aquele vírus se espalhou por 29 países, infectando mais de 8.000 pessoas e matando cerca de 800. Dezenas de cientistas na Ásia, Estados Unidos e Europa começaram a trabalhar freneticamente para criá-la. Mas a epidemia de Sars foi controlada e o estudo das vacinas contra o coronavírus foi abandonado.
Anos depois, em 2012, outro coronavírus perigoso, o Mers-Cov, surgiu, causando uma doença respiratória grave, a Mers (síndrome respiratória do Oriente Médio), que se originou em camelos e se espalhou para os seres humanos. Na época, muitos cientistas reiteraram a necessidade de uma vacina contra esses patógenos. Uma equipe de cientistas na cidade de Houston, nos Estados Unidos, continuou pesquisando e, em 2016, tinha uma vacina pronta contra um coronavírus. Mas por falta de interesse (investimento em dinheiro na ciência) o projeto foi arquivado.
Essa não foi a única vacina suspensa por falta de dinheiro. Dezenas de cientistas em todo o mundo interromperam seus estudos devido à falta de interesse e fundos para continuar pesquisando. Jason Schwartz, professor da Escola de Saúde Pública da Universidade Yale, diz que a preparação para esta pandemia deveria ter começado logo após o surto de Sars em 2002. “Se não tivéssemos abandonado o programa de pesquisa de vacinas para Sars, teríamos muito mais bases prontas para trabalhar neste novo vírus intimamente relacionado (ao anterior)”, disse ele à revista americana The Atlantic.
Segundo especialistas, a Sars e a Mers foram dois “avisos importantes” sobre os perigos dos coronavírus, mas, ainda assim, não houve incentivos para que as pesquisas sobre eles continuassem. A realidade agora é que o mundo precisa de uma vacina contra o novo coronavírus que causa a covid-19.E, provavelmente, ela não estará pronta nos próximos meses — talvez isso só ocorra daqui a 12 ou 18 meses.
Até lá, é possível que a atual pandemia já esteja sob controle… Mas esperamos que dessa vez o mundo tenha aprendido a lição.