Por Altamiro Borges
Na madrugada de sexta-feira para sábado, o estudante Rodolpho Gonçalves Carlos da Silva, filho do dono da afiliada da TV Globo na Paraíba e do maior grupo da indústria alimentícia no Estado, atropelou um agente do Detran ao fugir de uma blitz da Lei Seca em João Pessoa. Dirigindo seu luxuoso Porsche, ele não prestou socorro à vítima, o trabalhador Diogo Nascimento, de 34 anos, que faleceu na noite deste domingo (22). A juíza de plantão mandou o playboy para a cadeia, mas o desembargador público revogou a prisão ainda na madrugada – o que gerou uma onda de revolta na Paraíba. O assunto, porém, não foi destaque na TV Globo.
Segundo o site Congresso em Foco, “Rodolpho teve a prisão preventiva decretada por uma juíza do 1º Juizado Especial Misto de Mangabeira, mas ela foi revogada pelo desembargador Joás de Brito Pereira Filho, horas depois, antes mesmo de ser realizada. Entre uma decisão e outra, foram pouco mais de seis horas. A prisão foi determinada por volta das 20h de sábado. Já a decisão que suspendeu a prisão foi realizada por volta das 3h da manhã de domingo. Esse foi o tempo necessário para que a defesa do jovem, mesmo sem ter sido notificada, fizesse um habeas corpus e apresentasse ao juiz, que, por sua vez, analisou o HC e redigiu sua decisão anulando a decisão anterior da magistrada… O caso gerou revolta e indignação em todo o estado devido à suspeita de favorecimento da Justiça ao acusado, que é neto do ex-senador e ex-vice-governador da Paraíba José Carlos da Silva Junior”.
Em nota oficial, os agentes de policiamento de trânsito do Detran da Paraíba cobraram justiça. ‘Não se espera, de maneira alguma, o cerceamento do direito de defesa do acusado, mas também, não se espera nenhum grau de parcimônia por parte do poder judiciário com relação à conduta criminosa por ele praticada. Sendo assim, os agentes de policiamento do Detran-PB e todos os envolvidos direta e indiretamente com a Operação Lei Seca na Paraíba clamam para que o caso seja tratado de maneira isonômica, e que o cidadão Rodolpho Gonçalves Carlos da Silva, independente de classe, cor, raça ou condição financeira, responda por suas condutas como estão sujeitos todos os cidadãos brasileiros’, diz o comunicado”.
O promotor Marinho Mendes Machado também criticou a decisão do desembargador, a quem acusou de favorecer o acusado por ser de uma família rica e tradicional. “Se fosse o filho de um pobre, de uma pessoa comum, o senhor nunca teria acordado às 3h da madrugada para soltá-lo, não. E isso quem paga é a instituição, que por essas e outras vai ficando sem fé no senhor, pois quem manda é o dinheiro, somente o dinheiro e o poder”, afirmou em uma postagem no Facebook.
Alguém viu esta notícia escabrosa no Jornal Nacional da TV Globo? O assunto virou capa em algum dos quatro principais jornalões do país? Os “calunistas” da mídia, que adoram promover a escandalização da política, trataram do assunto com sua cara de nojo?