A pressa da direção da Petrobrás para vender suas unidades antes de outubro deste ano, quando haverá eleições presidenciais, fica cada dia mais aparente. Depois das FAFEN`s da Bahia e Sergipe, a bola da vez são as refinarias. O presidente da empresa, Pedro Parente, anunciou a venda do parque de refino de petróleo e dos dutos e terminais – pasmem ! – sem ao menos ter sido apreciada formalmente pela Diretoria Executiva ou Conselho de Administração.
Foram colocadas à venda 60% das refinarias Repar (PR), Abreu e Lima (PE), RLAM (BA) e Refap (RS), além de 24 dutos e terminais. A privatização, que a Petrobrás chama de “reposicionamento estratégico no setor de refino”, irá atingir 3.700 trabalhadores. Além de cidades e comunidades localizadas no entorno das refinarias.
A proposta da Petrobrás é ter participação de 40% nas empresas formadas com os “parceiros”, cujos nomes não foram divulgados. Mas a estatal já vinha arrumando o terreno para a venda das refinarias quando implantou o PIDV e a redução do efetivo mínimo.
A construção do atual cenário se inicia após a Petrobras, que tem quase 100 por cento da capacidade de refino do Brasil, abrir espaço para a concorrência desde que adotou a política de subutilização do refino atrelada à prática de preços em ‘paridade’ com o mercado internacional. Por conta dessa estratégia casada, de 2016 para cá houve aumento de cerca de 50% no número de importadores cadastrados pela ANP. A refinaria de Mataripe, que em 2014, processava mais de 300.000 barris diários de petróleo, hoje refina cerca de 190.000, saindo de mais de 80% para 51% da sua capacidade instalada (Fonte: MME).
A notícia da venda da Rlam foi mal recebida pelos trabalhadores, que não aceitam a privatização e deixaram isso muito claro durante uma videoconferência com o presidente da Petrobrás, que aconteceu na quinta-feira, 19/04. Na Rlam, a categoria fez questão de dizer a Parente que é óbvio que o interesse da Petrobrás é proteger os acionistas e que a transferência do controle da refinaria está sendo feita porque é mais atrativo para os investidores.
O que acontecerá aos trabalhadores? Foi uma das perguntas. A resposta foi que seriam “convidados” a participar das novas empresas.
A FUP – Federação Única dos Petroleiros – informou que já somam mais de 30 ativos privatizados desde 2016. “O Brasil e os trabalhadores estão pagando a conta amarga do golpe que foi dado em nossa democracia e que está ferindo de morte a nossa soberania nacional”, afirma o coordenador do Sindipetro Bahia, Deyvid Bacelar, que também é trabalhador da RLAM.
Para Deyvid, a decisão da estatal não chega a ser novidade e já foi, inclusive, antecipada e denunciada pelo Sindipetro Bahia em 2017. “Há tempos também alertamos à categoria sobre os planos nefastos do governo golpista de Temer e Parente, pois o que querem é privatizar tudo; fertilizantes, refino, terminais, campos terrestres, biodiesel; não vai escapar nada, até o pré-sal está sendo entregue”, lamenta Deyvid, ressaltando que “o problema é geral, atinge a toda categoria e não dá mais para pensar de forma individual, ou agimos coletivamente, ou em um futuro próximo não haverá mais Petrobrás, nem empregos ou direitos”.
O diretor do Sindipetro Bahia, Radiovaldo Costa, vai além e também chama a atenção dos aposentados e Pensionistas para o risco da perda da AMS e da Petros. “Em caso de privatização qual a empresa que vai querer continuar mantendo esse plano de saúde e esse fundo de pensão? Um exemplo que temos é o da empresa Copene (apesar de privada), quando transformada em Braskem, não aceitou manter a Petros e criou um fundo de pensão próprio, inferior ao primeiro”.
Diante da atual conjuntura que a cada dia fica pior para a categoria petroleira, Deyvid afirma que só há uma saída, que é a greve nacional da categoria petroleira e a mobilização da sociedade brasileira, que estão sendo construídas pela FUP e movimentos sociais. “Estamos encurralados. Agora, é lutar ou lutar, caso contrário, perderemos nossos empregos, direitos e ainda sairemos humilhados pelos golpistas”, finaliza.
Fonte – Sindipetro Bahia