Existem candidatos que as principais ferramentas eleitorais é a disseminação e corroboração de ideias racistas, machistas, misóginas, xenofóbicas e LGBTfobicas, com declarações que incentivam a violência e políticas que propõem silenciar as minorias. Essas minorias não dizem respeito apenas a população LGBT, mas também a diversidade religiosa, entre outras.
O primeiro ponto é que incialmente o sincretismo religioso foi uma estratégia de preservação da fé utilizada pelos africanos escravizados no Brasil. Estes eram obrigados por seus senhores a cultuar imagens de santos católicos, e para não abrir mão de suas crenças colocavam os asés dentro das imagens de acordo com as características similares entre orixás e santos. Desta forma poderiam cultuar sem sofrer represálias.
O segundo ponto é sobre a influência das mulheres negras na defesa do culto aos orixás. O Candomblé vive até hoje por causa das lutas e estratégias políticas articuladas pelas mulheres negras, tais quais:
Mãe Aninha, do Ilê Axé Opô Afonjá, dedicou a vida para fortalecer o culto do candomblé no Brasil e garantir condições para o seu livre exercício. Segundo consta, por intermédio do ministro Osvaldo Aranha, que era seu filho de santo, Mãe Aninha provocou a promulgação do Decreto Presidencial nº 1202, no primeiro governo de Getúlio Vargas, pondo fim à proibição aos cultos afro-brasileiros em 1934.
O Candomblé é feito de histórias e através delas temos exemplos e aprendizados para as diversas situações da vida. Diz um itan que Ogum ao sair para a guerra voltou em uma época de ritual onde todos deveriam permanecer em silêncio. Ogum no calor da guerra havia se esquecido desse ritual e ao ser ignorado por todos se encheu de ódio e cortou a cabeça dos que ali estavam. Um servo de Ogum ao chegar no local percebe o que havia ocorrido. Logo, comunicou a Ogum o por que ninguém lhe dava atenção. Envergonhado Ogum cavou um buraco e sumiu dentro da terra, foi a última vez em que foi visto.
O itan nos ensina a importância da reflexão e do autocontrole, e as consequências desastrosas da intolerância. Convido a reflexão mediante o exposto e o que nos ensina o Orixá, para um voto consciente e que respeite a existência, a vida daqueles que lutaram e lutam ao nosso lado.
Bàbálòrísá Rafael Cirne L’Òmín T’Òsún Kàrè
Sacerdote Fundador do Ilè Asé Iyá Omífáláyò localizado em Itinga, Lauro de Freitas – Bahia.