Por Altamiro Borges
O prefeito-marqueteiro João Doria adora os holofotes da mídia e até sonha em ser presidente do país. Ele já se fantasiou de gari, de pintor de muro e até de bombeiro para enganar os “midiotas” – os que seguem acriticamente o que a imprensa chapa-branca difunde em troca dos milhões em publicidade. Na sexta-feira (10), porém, ele não se travestiu de agente de necrotério para enterrar a vítima fatal de um acidente na Marginal do Tietê, uma das principais vias de São Paulo. Segundo o noticiário, um motociclista foi atingido por um caminhão na altura do Sambódromo do Anhembi e morreu no local. O assassino fugiu sem prestar socorro. Foi a primeira morte em acidente de trânsito depois que o João Doria impôs, em 25 de janeiro, os novos limites de velocidade nas marginais da capital paulista.
A decisão do prefeito tucano, que tanto agradou os amantes dos automóveis – e inimigos da vida -, já está causando estragos civilizatórios na maior cidade do país. O aumento da velocidade nas marginais foi uma promessa demagógica de campanha de João Doria. Ela foi criticada inclusive por técnicos do governo estadual, controlado pelo PSDB. Todos alertaram que a medida resultaria em mais acidentes e mortes. O novo prefeito até vacilou na implantação da medida, mas bancou a decisão genocida por temer o desgaste junto ao seu eleitorado conservador. Em fevereiro, pesquisa Datafolha apontou que a medida era defendida por 57% dos paulistanos e reprovada por 37%. Ela também apontou que os amantes dos carros rejeitavam a redução da velocidade implantada na gestão de Fernando Haddad (PT). Agora, porém, surgem as consequências desta nefasta decisão.
Segundo balanço da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), nos primeiros 30 dias da retomada dos limites mais altos de velocidade nas marginais Pinheiros e Tietê ocorreram 102 acidentes com vítimas. A média mensal nestas duas marginais no ano passado era bem menor: 64. Diante dos números que confirmam a sua opção genocida, João Doria afirmou que “os números estão dentro do esperado. Estão sob controle”. Será que ele compareceu, vestido de agente de necrotério, no velório do motociclista morto na sexta-feira? Qual será a próxima fantasia do prefeito-marqueteiro?